Porque tais virtudes deveriam ser atributos normais nas pessoas. No entanto, ser justo e honesto hoje em dia é motivo de tanto espanto, que a pessoa que assim age, porque é de sua índole, o que ela faz com tanta naturalidade, é olhado quase como se fosse um prodígio, chegando a ponto de, ao se tornar do conhecimento público, ser noticiado e a pessoa filmada e entrevistada. A tal ponto chegamos. A nosso ver colaborou para isso o fato do nosso querido Brasil ter se tornado o reino da impunidade.
Sim, corruptos e corruptores estão cada vez mais ativos, e o número de consciências compradas aumentando… Como a punição não acontece, as consciências se sentem tentadas em ceder ao assédio dos corruptores, porque reconhecem que o delito não vai dar em nada. A Honestidade ainda existe, mas sente-se envergonhada por ser objeto de estranheza, e por ter seu lugar substituído pela impunidade. Vemos isso nos fatos escabrosos financeiros denunciados, mas não cumpridas a rigorosa investigação e imediata punição, enquanto outros escândalos da mesma natureza, tão ou mais prejudiciais ao Brasil, sequer são noticiados… Muito estranho isso, pois é dever dos meios de comunicação a imparcialidade. Se assim não agir, o povo é ludibriado.
Os magnatas do desvio de dinheiro público, os tais crimes de “colarinho-branco”, assim chamados porque de fato suas camisas não suam com o trabalho honesto, estes não vão para a cadeia. Através de advogados provavelmente pagos com o próprio dinheiro desviado, eles conseguem quase que imediatamente a soltura (habeas corpus), pouco faltando para seus advogados darem a eles a auréola de santidade.
Para as cadeias vão apenas pobres e negros. Se pelo menos a Justiça proporcionasse aos detentos trabalho e estudo, dentro dos próprios presídios, poder-se-ia dizer, pelo menos, que no Brasil se tenta ressocializar os presos. A realidade, porém, é que somente 20% dos encarcerados trabalham, e apenas 9% estudam. Praticamente nada diante da quantidade enorme de prisioneiros.
O dinheiro desviado dos Cofres Públicos é sustentado pelo trabalho de todos os brasileiros, através dos Impostos, e se destina a beneficiá-los em projetos que tornem suas vidas mais dignas, sem os horrores da pobreza. É preciso vigiar as riquezas do Brasil, para que não se transfiram a estrangeiros mal intencionados. Henrique José de Souza, a quem procuramos seguir os passos, sempre alertou sobre isso, e deixou, como máxima para seus discípulos: “A honestidade sempre, a injustiça nunca!”
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Zélia Scorza Pires
São Lourenço, 1º de abril de 2014.