Numa assembléia de bichos, o Golfinho, que estava com a palavra, disse assim: dia desses um Gnomo me confidenciou que se a Natureza, sinônimo de fartura, fosse bem cuidada pelos humanos, os Elementais até poderiam voltar a gostar deles. Só que do jeito que as coisas estão, os Elementais se revoltando, os estragos serão irreparáveis! Sei que você, amiga Puma, é boa no assunto formas-pensamento. Fale o que sabe a respeito, esse grande risco que ronda a humanidade, que embora ignorando ou mesmo sabendo, não está se importando.
– É só me deixarem falar. Mas já posso adiantar que existem formas-pensamento tão antigas, que já encarnaram como gente, bichos, plantas, e outras coisas que não sei definir.
– Será que de nós, alguns são resultado de formas-pensamento? – ficou atenta no assunto a Foca.
Nessa hora foi muito engraçada a cara de desconfiança dos bichos. A suspeita caiu logo na Preguiça, que disseram ser a forma-pensamento da indolência. O Pavão veio em seguida, como forma-pensamento da vaidade. O Peru, a forma-pensamento de não dizer coisa nenhuma, daí o tal do glu, glu, glu. O Cachorro, a forma-pensamento da lealdade, mas também da sujeira e da falta de vergonha nas ruas. Do Gambá, a forma-pensamento do mau cheiro. Da Raposa, a forma-pensamento do ser humano primitivo… A coisa foi num crescendo que a Puma se encheu!
– Senão me deixarem falar volto para o meu lugar! O que os homens precisam saber é que o próprio Universo é uma esplendorosa forma-pensamento do LOGOS CRIADOR! Houvesse somente formas-pensamento positivas, e os inimigos da Lei Divina, “da qual somos todos escravos”, jamais teriam poder algum!
– Como não sei se bichos também criam formas-pensamento, caso eu tenha as minhas, todas elas devem ter um queijinho junto – disse o Ratinho, já fuçando o ar.
– Seu bobo! Bichos não criam formas-pensamento! O que pode acontecer é que muitos de nós sejamos cria de formas-pensamento. O seu caso é fome. Ainda mais que seus dentes não param de crescer e para gastá-los você tem de roer sem parar! Por favor, não chore, amigo Ratinho! Não falei por mal! – a Puma se arrependeu. Assim como o patinho feio da história infantil não sabia que era um Cisne, assim também as formas-pensamento de maldade se forem combatidas com amor e perdão, um dia elas podem se transformar num belo Cisne, a ave que ao sentir a proximidade da morte entoa um canto de despedida.
O Cisne, apesar de representar os Arcanjos, devido a sua pureza, não gostou da comparação. Mas confirmou: os Cisnes cantam, sim, diferente quando sentem a aproximação da morte. Dessa mesma maneira agem as aves canoras.
– Será que os homens sabem que a todo o instante eles criam formas-pensamento? Será que sabem que alguns animais são encarnações de seus pensamentos? Será que sabem que seus pensamentos, juntando-se a outros pensamentos parecidos, podem nascer como bicho, como gente, ou outra coisa qualquer? Será que sabem que formas-pensamento criadas por pessoas “cegas de espírito” atuam sobre quem lhes deu vida? – ensinou tudo isso a Puma num só rugido.
– Você quer dizer que formas-pensamento negativas infernizam a vida de quem as criou? – roncou a Raposa.
– Mas é claro! Sendo seus criadores, terão de se ver com elas! A Lei Divina é justa e econômica – garantiu a Puma.
– Como assim econômica? – uivou a Raposa.
– Porque aproveita o que o próprio ser humano cria. Mas não esqueçamos: existem formas-pensamento positivas, criadas pelo amor, gratidão, altruísmo, dedicação, bondade, renúncia, etc., e a força que elas irradiam faz nascer um Cristo ou um Buda Branco. Já as formas-pensamento negativas, criadas pela maldade, egoísmo, ambição, tortura, avareza, vaidade, tirania, violência, fanatismo, etc., a força que elas irradiam faz nascer um Anticristo ou um Buda Negro. Repetindo: “o Buda Branco nasce dos atos e pensamentos bons da humanidade, ao contrário, nasce um Buda Negro”. Um é formado pelo bem, outro é formado pela mal.
– Os mosquitos devem ter surgido das formas-pensamento dos mexericos! – disse a Tartaruga. Agora as baratas… Ouço dizer que elas nasceram das formas-pensamento dos lemurianos! Velhas pra caramba! E que resistência! Até hoje ganham na corrida e esnobam tudo quanto é inseticida! Cientistas descobriram que elas têm linguagem própria, e que tanto as Baratas quanto os Escorpiões sobreviveriam a uma guerra atômica. Não estão nem aí com a contaminação. Morrem todos, menos elas e eles.
– Ai! Não estou passando nada bem com esse comentário – queixou-se a Girafa, já trocando as pernas.
– É melhor mudarmos de assunto, o corpo astral da amiga Girafa até mudou de cor – aconselhou o Cão.
– Você consegue ver o corpo astral? – ficou admirado o Condor.
– Não só eu, mas também o Cavalo e o Burro. Vemos além do físico. Se quiserem posso falar o que sei sobre o Corpo Astral, mas nesse caso o Mundo Astral será também objeto de estudo – propôs o Cão.
– Estamos prontos para ouvi-lo, amigo Cão.
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Extraído do livro de Adiel, “Muito Pouco de Muuuuuuuito – Uma conversa entre bichos”, 1ª edição, pg. 210 com o título “Formas-Pensamento”. Ver www.adiel.blog.br .