AS MISTERIOSAS PERSONALIDADES DOS CONDES DE CAGLIOSTRO E S. GERMANO Henrique José de Souza (Dharana 110, 1941, páginas 85 a 98)

O mundo ignaro – como acontece sempre com todos os Iluminados que se apresentam em diversos períodos críticos da História – formou em torno da Personalidade do Conde de S. Germano um bem tecido véu de diabruras e calúnias; porém, através de semelhante véu acabam por transparecer – por pouco que se estudem os estranhos poderes taumatúrgicos, a sabedoria e a elevada moral de tão incompreendido Ser, a quem um homem tão frívolo e de intenções um tanto duvidosas, como era Voltaire, considerou “como possuidor de um saber universal”, e a quem a condessa Ademar compara com o Zanoni de Bulwer Litton, “cuja obra” – embora alguns defeitos de ordem cabalística – “parece calcada nos maravilhosos fatos realizados pelo primeiro”.
Daremos ao leitor – transcrevendo as Memórias da Condessa Ademar pela Sra. Isabel Cooper Oakley – uma sucinta ideia das principais passagens à mesma acontecida, nos tempos a que nos referimos:
“Certo dia, pela manhã e com o pseudônimo de Saint-Noel (1) penetrou S. Germano no apartamento da Condessa, lépido, jovem, como se os anos não tivessem passado desde a época de Luiz XV, cuja amizade havia ele cultivado. Madame Ademar logo entabulou uma conversa a respeito dos bons augúrios que se faziam, naquela ocasião, a respeito do sucessor de Luiz XVI, ao que o conde contestou, segundo consignam as referidas Memórias:
— Senhora, sinto não ser de vossa opinião. Este reinado será fatal… Formou-se gigantesca conjuração para derrubar o existente, reedificando-o debaixo de novo plano (o novo plano, dizemos nós, estava velado por baixo daquela frase, do aviso lançado por Cagliostro, ou seja o do “novo Templo de Jerusalém”. Tal palavra, como se sabe, interfere, de modo direto, na do rei Melki-Tsedek…). A família real, o clero, a nobreza e a magistratura, estão ameaçadas de morte. Há, entretanto, tempo ainda, para salvá-las, se me for facultado chegar à presença do rei, mas que o ignore o seu inepto ministro (Maurepas), que é quem precipita a nação à sua total ruína. (2)
— Senhor Conde, suas palavras são bastantes para o conduzir imediatamente à Bastilha, até o fim de seus dias… replicou madame Ademar, que depois de lhe ter relatado várias coisas sobre o estado do país e as intrigas da Corte, prometeu que no dia seguinte o levaria à presença de Maria Antonieta.
Antes do mesmo partir, perguntou-lhe a condessa:
— O Sr. Conde vai fixar residência em Paris?
— De modo algum, senhora condessa. Passará mais de um século, ou sejam três gerações, antes que eu tenha de voltar…
E eu, continua a sua narração a condessa Ademar, não pude contar estrepitosa gargalhada, ao ouvir semelhante promessa completamente fora das leis naturais, por sua vez correspondida pelo sorriso de superior desdém, com que o Conde de S. Germano costumava receber qualquer réplica que se fizesse às suas palavras. No mesmo dia fui a Versailles entrevistar-me com a rainha, que informada do acontecido, teve estas palavras:
— É assombroso! Ainda ontem recebi uma nova carta de misterioso e anônimo amigo, fazendo-me ver que, no dia seguinte se me faria uma importante revelação a que, de modo algum, seria conveniente não atender… Diante disso, pode trazer a minha amiga, esse misterioso Conde, disfarçado com a libré de vossos lacaios.
E tal aconteceu.
— Não duvido, Conde – disse a rainha, na entrevista marcada – que tendes grandes coisas para me revelar.
— Rainha – respondeu este, sem lhe dar o título de Majestade e em tom solene – procure examinar, na sua sabedoria, o que lhe vou revelar: o partido enciclopedista deseja o Poder, e como não o obtenha sem a queda definitiva do clero, para consegui-lo terá que derrubar a Monarquia. Tal partido, que hoje procura encontrar um chefe entre os membros da família real, pensou no Duque de Chartres. Este príncipe se fará um dócil instrumento de pessoas que acabarão por sacrificá-lo. Ser-lhe-á oferecida a coroa de França, e em lugar do trono, encontrará o cadafalso; porém, antes de semelhante data, quantas desgraças e quantos crimes não se despenharão sobre a pobre França! As leis não mais serão protetoras do bem, nem aterrorizadoras do perverso, pois que serão estes que arrebatarão o Poder com as suas mãos ensanguentadas, abolindo a religião católica e a magistratura…
— De sorte que não ficará, senão, a realeza? perguntou a rainha com febril impaciência.
— Não ficará sequer a realeza, mas uma República caótica, cujo cetro será o chicote do verdugo.
— Senhor – interrompi indignada – tendes em conta o que dizeis diante de quem o fazeis?
— A gravidade das circunstâncias desculpa o meu atrevimento – replicou friamente S. Germano. Eu não vim aqui para render à rainha as homenagens de que já deve estar enfastiada, mas, para apontar-lhe os perigos que ameaçam a sua coroa, se não tomar imediatamente as providências que o caso requer. Ademais, sendo estrangeiro, toda vassalagem em mim, é um ato gratuito.
— Senhor – observou a rainha, aparentando uma certa frieza – o verdadeiro pode, muitas vezes, tornar-se enganador…
— Pode, respondeu o conde – porém me permitireis fazer-vos lembrar que, Cassandra predisse a ruína de Tróia e ninguém acreditou em suas palavras. Eu sou Cassandra, e a França, o pobre reino de Príamo. Alguns anos se passarão sob enganadora calma… mas, depois, surgirão de várias partes, homens ávidos de vingança, de poder e de dinheiro, que destruirão tudo quanto se anteponha a sua marcha… Um delírio frenético de roubos, assassinatos e proscrições se apoderará de todos os cidadãos, em plena guerra civil. Então, muitos deplorarão, embora que inutilmente, não me terem ouvido…
Dizendo isto, logo o Conde manifesta à rainha a necessidade de falar com o rei, sem a presença do seu inimigo pessoal, o inepto Maurepas, mas a rainha, apresentando razão de Estado, negou-se, peremptoriamente a atender ao seu pedido. Com isso, ficou sem efeito a entrevista, embora que, antes de partir o Conde, a frívola soberana, admirada, lhe perguntasse pelo lugar de seu nascimento.
— Nasci em Jerusalém (novamente o termo ligado a Melki-Tsedek, e consequentemente, dizemos nós… com o “reino da Agartha”), faz tanto tempo, que nem desejo lembrar-me… Não gosto, também, de dar a minha idade, pois isso pode trazer desgraça… Basta apenas, acrescentar que todo ato de obediência, por minha parte, é de pura cortesia… Não desejo ir à Bastilha nem tampouco que outro por mim vá ter a semelhante lugar…
— E que importa isso, desde que, com semelhantes poderes, será capaz de passar através dos próprios muros e das grades da prisão?…
— Prefiro, senhora, não ter que recorrer a milagres… Só vos digo que se o Rei me chamasse, aqui tornaria a voltar…
— Porém, como poderíamos chamá-lo?
— Não vos preocupeis por tão pouco, rainha… Não me faltam meios para sabê-lo… (outras palavras reveladoras, dizemos nós).
Nas Memórias da Condessa Ademar vem logo a entrevista da rainha com o rei e deste com Maurepas, com o resultado negativo previsto por S. Germano:
— “Conheço esse solene impostor, senhores – disse Maurepas à Condessa, em sua entrevista com a mesma alguns dias depois. Só uma coisa nele me surpreende, como é que continua aparentando a idade de quarenta anos, enquanto nós, vamos, cada vez mais, envelhecendo?… De qualquer modo, nossos policiais em breve darão com ele, e nada de mau sucederá ao truão, a não ser que será conduzido à Bastilha, onde, bem hospedado e alimentado, permanecerá até que se digne revelar onde pôde saber coisas tão interessantes…
Mal acabara de pronunciar tais palavras, a porta do gabinete se abriu, para dar passagem ao Conde, em pessoa, o qual se defrontando com Maurepas, arrojou-lhe na face estas julgadoras palavras:
— Senhor conde, o rei necessitava de um conselho valioso e desinteressado, mas vós vos incumbistes de mantê-lo afastado, sobre o frágil pedestal em que vós mesmo vos encontrais. Opondo-vos a que eu com ele me defrontasse, acabastes de aniquilar a Monarquia, pois não me resta senão pouco tempo para dedicá-lo à França, o qual uma vez transcorrido, só tornarei a ser visto depois de esgotadas três gerações… Tive ocasião de dizer à rainha tudo quanto me foi permitido revelar-lhe; uma entrevista minha com o rei, entretanto, mais completos e concisos seriam os meus conselhos, se não tivésseis servido de barreira. Ninguém, pois, poderá acusar-me de indiferente à mais feroz anarquia que se vai desencadear sobre a França… Ela estava entre dois dilemas: o de erguer-se ou o de esboroar-se (o DESTRUERE e o CONTRUERE da própria Justiça agartina, a que já nos referimos…). Preferiram o segundo, mas chorarão por não me terem ouvido. Quanto a tais horrores, vós não os vereis; porém, só o fato de terdes concorrido para a sua manifestação, bastará para que vossa memória seja execrável. Sim, ministro frívolo, mentecapto e odioso, dos muitos que arruínam os povos!…
E tais palavras proferindo, desapareceu o conde de S. Germano. Inúteis foram todos os esforços para ser o mesmo encontrado…
E tal fato se deu – continua a Condessa Ademar – em 1788; porém, antes de 1793 já a catástrofe havia chegado… Não posso resistir ao desejo de falar de certa carta que recebi do conselheiro Sallier, enviada antes dessa época.
— Ah! Senhora! Tudo treme sob os nossos pés. E só agora, infelizmente, começo a crer que o vosso Conde tinha razão…
A rainha fez-me chamar no dia seguinte. Trazia na mão uma carta escrita em versos proféticos, onde já era apontada a execução da própria família real.
Procurando tranquilizar-se, começou a falar como se estivesse sozinha:
— Quem será esta personagem que há tanto tempo vem se interessando por mim, sem querer revelar a sua identidade sem a menor recompensa, mas… dizendo sempre a verdade? Quanto aos demais que me cercam, nem vale a pena falar a seu respeito… “os reis estão condenados a se enfastiarem sós…”.
Depois da proscrição dos realistas em 1789, novo aviso recebeu a rainha, do desconhecido que tanto se preocupava com ela (além do mais, dizemos nós… em relação com algo de interessante passado em uma de suas “vidas anteriores”, coisa que aqui não pode ficar demonstrado).
Na dolorosa cena de despedida, a que assisti, entre a rainha e a proscrita duquesa de Polignac, tive ocasião de ouvir o que a mesma dizia:
— Desde a minha chegada à França e em todos os acontecimentos importantes da minha vida, misterioso protetor me preveniu sempre de tudo quanto me ameaçava (3). Lede esta carta:
“Senhora: Fui Cassandra. Minhas palavras caíram no vácuo e a tempestade já se desencadeou como eu previra… Todos os Polignac e seus amigos serão condenados à morte: seus carrascos serão os mesmos que acabam de servir ao Corregedor e aos oficiais da Bastilha”.
Nesse ínterim, deu entrada o Conde de Artois, relatando, com todos os detalhes, a proscrição dos realistas. Ao chegar à casa, por minha vez, encontrei uma carta que me era dirigida, e que tinha os seguintes dizeres:
“Tudo está perdido, senhora condessa. Este sol será o último que alumiará a monarquia. Amanhã ela não existirá, substituída pelo caos da anarquia (sim, dizemos nós, o próprio Karma de quem não quer atender à sábia Voz da Razão… Nada pior aos homens, por mais elevados que estejam, do que se julgarem inabaláveis, indestrutíveis… firmes, enfim, em seus tronos, se a vida no mundo é transitória!). Já agora sabeis a razão de todas as minhas tentativas para imprimir aos negócios públicos uma marcha completamente diferente; porém, desdenharam os meus conselhos; agora é tarde. Conheço a obra preparada pelo demônio de Cagliostro (sim, como o destruere para o construere, que era ele mesmo, S. Germano. Ai daqueles que não quiserem ouvir a Palavra da Lei!… Acontecerá o mesmo que outrora na Atlântida… e em todos os tempos que se lhe seguiram, quando um ciclo entra em franca decadência…). É a Justiça divina, manifestada como terrena. Ninguém o duvide!… Dies irae! Dies irae!… (mais reveladoras, ainda, semelhantes palavras, donde, o termo Jehovah, daquele aviso de Cagliostro aos maçons franceses e ingleses…).
“Mantende-vos afastada, que eu velarei por vós… Se fordes prudente, vivereis ainda depois que a tempestade a todos tenha destruído… Resisto ao desejo que tinha em ver-vos agora, pois sei que me suplicaríeis algo impossível: salvar aos reis e demais membros da sua Família. Tudo tem a sua hora apropriada: passada esta, nada mais se pode fazer em contrário… Os homens ignoram tal coisa! O duque de Orleans, que triunfará amanhã, atravessará em louca disparada para o Capitólio… e logo depois será precipitado pela rocha Tarpeia. Entretanto, se quiserdes ainda ver este velho amigo que mais uma vez vos escreve, procurai-o às 8 horas da manhã, na igreja dos “Enjeitados”, na segunda capela da direita… Vosso: Conde de S. Germano”.
Não pude reprimir um grito de surpresa, ao ler a assinatura: vive ainda o homem a quem todos considerávamos morto em 1754 ou em 1780!… Era uma hora da madrugada quando li semelhante carta; inútil dizer que passei toda a noite em claro… Às oito da manhã já estava no lugar indicado, deixando um lacaio, de toda minha confiança, postado à porta da igreja. Mal concentrei meu Pensamento em Deus (o grifo é nosso), vi aparecer S. Germano com o mesmo frescor de juventude com que o conheci em 1760, enquanto que eu, pobre de mim!… estava envelhecida devido aos anos que haviam passado!…
— Donde saiu, Sr. Conde? – perguntei-lhe, depois de me ter beijado, reverentemente, a mão. (4)
— Venho da China e do Japão, respondeu, ou melhor, do outro mundo (sim, do mundo agartino ou Jina…). Porém, quem quer que tenha conhecido, como eu, a França de Richelieu e de Luiz XIV, poderá reconhecê-la hoje?… “Quem semeia ventos colhe tempestades”, disse Jesus, no Evangelho, mas não antes de mim, talvez… (nova revelação, e das mais preciosas, sobre a sua elevada hierarquia! Só os néscios não o compreenderão…). Como vos disse em minha carta, nada mais posso fazer. Há períodos, já disse certa vez, em que se pode retroceder, e outros, nos quais a sentença, o JULGAMENTO se tendo pronunciado, mister se faz ser cumprido (mais outra revelação… Sim, dizemos nós, na razão do Destruere et Construere!).
— Vereis a rainha? perguntei-lhe.
— Não, já foi sentenciada.
— Sentenciada?… A que?
— À morte!
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Depois de diversos detalhes relacionados com os infelizes Reis, o Conde acrescentou:
— Completa será a ruína de todos os Bourbons (não esquecer das 3 iniciais que o mesmo Cagliostro trazia no peito, isto é,
L.P.D. “Lilia Pedibus Destrue”), os quais em menos de um século, passarão à mais baixa categoria, expulsos, como serão, de todos os seus tronos… A França atormentada, agitada, desviada… será reino, república, império e estado misto, numa sucessão verdadeiramente apavorante. Tiranizada por hábeis perversos, passará de ambiciosos a ambiciosos, dividida, despedaçada, tal como o Baixo Império. Dominará o orgulho, abolidas serão as distinções, não por virtude, mas por vaidade (é nosso o grifo). E por vaidade também se volverá às mesmas. Os franceses, como verdadeiras crianças, jogarão aos títulos, honras e cordões.
E… sob a ditadura dos filantropos, os retóricos e os pronunciadores de belas frases (esses “discursos”, dizemos nós, inúteis, e até prejudiciais), a Dívida do Estado montará a muitos milhões…
— Mas, Sr. Conde – fiz-lhe ver – tornou-se um terrível profeta! Quando o tornarei a ver?
— Ver-me-eis, senhora, apenas cinco vezes. .Não procureis encontrar-me a sexta vez. Vou deixar-vos para tomar a diligência que segue para a Suécia. Um grande crime se prepara, também ali, e eu preciso – como sempre – evitá-lo. S. M. Gustavo III, interessa-me. (Sim, o “rei dos reis”, o Rei do Mundo, no seu mais amplo sentido espiritual… não pode deixar de se interessar pelos “reis” de sua superfície, apenas. Sim, “reis transitórios” mas de qualquer modo, “dirigentes de povos”, dizemos nós…). Sim, porque vale mais do que se afigura a sua fama.
E como a condessa ficasse alarmada com semelhantes profecias, respondeu justamente, ao despedir-se:
— Tal acontece, sempre, a nós, “os Filhos da Verdade”… A Humanidade só recebe bem ou com louvores, aqueles que a bajulam, enganando…
E desapareceu. Meu criado nem sequer pôde descobrir por onde o mesmo tinha saído”.
E em uma nota solta:
“De fato, tornei a vê-lo cinco vezes. E sempre, possuída de grande emoção; a primeira, quando da morte da rainha; a segunda na véspera do Dezoito Brumario; a terceira, quando morreu o Duque de Enghien; a quarta em janeiro de 1815, e… a quinta, na véspera do assassínio do Duque de Berry. Espero – termina o diário em 1821, um ano antes da morte de sua autora – a sexta visita de meu amigo, quando Deus for servido”.
“A transcrição – acaba dizendo Isabel Cooper Oakley – defende as diabruras lançadas contra o Mestre (bondosa amiga condessa Ademar! diria ele se novamente aparecesse…) e as asserções do Dr. Bester, a respeito de sua morte em 1784. S. Germano, como todos os Enviados (muito mais Ele, do que qualquer outro…) pode repetir a famosa frase: “Eu sou a Voz que clama no Deserto!… De nada serviram à França, tais advertências com o fim de a desviar da desgraça”.
Pobre França, dizemos nós, na humildade de nossa própria hierarquia de “homem vulgar”. Quanto ao resto: Honni soit qui mal y pense!…
Franz Graffer por sua vez, relata as repetidas “aparições” do Conde de S. Germano em Viena, “com uma missão relacionada a negócios futuros; nada menos que, com o século XX, esse mesmo século, dizemos nós, onde nos encontramos exaustos, deprimidos, esmagados… com os horrores de uma guerra, mil vezes mais séria do que a anterior. E em cujo começo de século, também vínhamos do Oriente, depois de cumprirmos o nosso dever…
“Uma dessas vezes” diz o mesmo autor, “veio o Conde a Viena para visitar Mesmer” (o primeiro experimentador do Magnetismo, no Ocidente; donde o termo “mesmerismo”), com quem discutiu, de porta cerrada, sobre o “Elixir da Vida”, como aquele que “lhe assegurava, sua eterna Juventude (eterna não é bem o termo, mas algo que se deve manter até realizada uma missão por completo… Depois, o próprio mistério da Agartha).
As várias Lojas maçônicas, citadas anteriormente, também testemunharam diversas reações alquímicas realizadas pelo Mestre, em companhia do mesmo Cagliostro (nada mais claro e mais lógico, podemos afirmar).
Ao volver, certa vez, ao seu consultório, Rodolfo, irmão do mesmo Franz Graffer, como narrador do que estamos agora transcrevendo, ouviu de seu criado, o seguinte: “Faz uma hora senhor, que um nobre de porte elegante, aqui esteve, sem que eu pudesse saber como entrou… e foi logo dizendo: “Encontro-me em Fedalhofe, na mesma casa que habitava Leibnitz em 1714”. “Quando lhe quisemos falar, já havia desaparecido, deixando-nos aterrorizados”.
“Abrimos o laboratório – continua Graffer – e não pudemos conter uma exclamação de assombro: S. Germano estava ali, manuseando uma obra de Paracelso (outra revelação! Não esquecer que dois séculos antes, profetizava aquele… “a queda da Flor de Lis dos Bourbons”!). A descrição feita pelo empregado, bem longe estava da realidade.
Brilhante auréola, continua o narrador, parecia envolvê-lo. Toda a sua pessoa respirava majestade e domínio… Com voz sonora, melodiosa e sem afetação, foi logo me dizendo: “Sei que tendes para mim uma carta de apresentação do senhor Seingalt. Esse senhor é o Barão de Linden. Sabia que os dois estariam aqui a esta hora. Tendes, também, uma outra carta de Bruhl. Pobre amigo! Seu pulmão está arruinado e por isso vai morrer a 8 de julho de 1805. Um homem, que no momento é ainda uma criança (enormíssima revelação, que aqui não pode ser dita…) chamado Bonaparte, será a causa indireta de sua morte. Conheço muito bem os vossos leais procederes. Em que posso, pois, servir-vos?”
Linden tratou de preparar uma rápida refeição, com pastéis, colocando-os diante do Conde, e depois se dirigiu para a adega. O conde fez sinal a Graffer para que se sentasse, fazendo ele o mesmo… Graffer encontrava-se muito impressionado… Linden volta e coloca duas garrafas de vinho velho sobre a mesa…
S. Germano ao vê-las, sorri com indescritível dignidade. Linden, envergonhado, prepara refrescos para substituir o vinho. Novo sorriso do Conde, que foi logo dizendo: “Qual a pessoa que já me viu comer ou beber?… Este Tokay não veio da Hungria, mas, de minha grande amiga Catarina da Rússia. Ela, agradecida pela pintura da batalha de Modling, enviou-lhe um tonel deste vinho estando o pintor enfermo”.
Graffer e Linden ficaram assombrados. Tinham, de fato, comprado o vinho ao grande Casanova! Depois, o Conde dividiu uma folha de papel ao meio e colocando cada metade em separado, tomou uma pena, em cada mão, e encheu-as até mais de meio, depois, subscrevendo-as, disse: — Escolhei, cada qual de vós, uma delas para a vossa coleção de autógrafos. “Isto é Magia, exclamamos os dois, assombrados”. Justapostas as duas folhas de papel, as escrituras concordaram, perfeitamente! O Conde, então, sorriu e pediu que entregassem a outra folha a Ângelo, o companheiro do príncipe de Lichtenstein. (5) “O portador, dizia receberá uma caixinha que… “Neste ponto, S. Germano tornou-se, instantaneamente, pálido, rígido, como se fora uma estátua além de perder o fulgor dos olhos, pois que, desdobrado… naquele momento, realizava, à distância, a materialização da referida caixa (quantos fatos idênticos se deram na STB, no seu início, restando, ainda, muitas coisas, no seu arquivo, inclusive “caixinhas”… onde vieram os mais preciosos perfumes!”…). Logo se reanimou e com a mão erguida, despediu-se de nós, dizendo: “Parto para Constantinopla e depois irei à Inglaterra, para ali… lançar as bases de dois inventos (melhor dito, “descobertas” pois que, Nihil novi sub sole… dizemos nós) de que muito necessita agora a Humanidade: estradas de ferro e embarcações a vapor. As estações mudarão pouco a pouco; virá primeiro, a primavera e depois, o verão. É o gradual decreto dos tempos; o prenúncio do… fim do século. Vejo-o claramente. Astrônomos e historiadores nada sabem. Deviam ter estudado, como eu, nas Pirâmides. Muito há ali para se aprender; já não falo das profecias que elas trazem internamente… No fim do século, desaparecerei do Ocidente, para volver no começo do outro, do Oriente… Esta será a minha nova Obra! Dito isso, os dois discípulos do Conde, deixaram, por alguns momentos a estância, imensamente comovidos. Então repentinamente começou a chover e a trovejar, como se a abóbada celeste quisesse vir abaixo…! Quando os dois discípulos voltaram da chuva, o Mestre havia desaparecido…”

MISTÉRIOS SOBRE MISTÉRIOS
Duas horas da madrugada e diante de misterioso palácio existente em uma das ruas menos movimentadas de Strasburg, para uma carruagem… Um dos cocheiros, embuçado em longa capa se dirige para o grande portão de ferro e faz soar a aldraba por meio de três avisadoras pancadas (6). Dentro de alguns instantes, trazendo na mão uma lanterna de azeite, aparece o porteiro, por sua vez envolvido em grossa e longa capa, além do mais, porque o inverno era dos mais rigorosos…
Saudando ao porteiro, o homem que acabava de saltar da carruagem, manda anunciar ao Conde de San Lorenzo “que a mesma estava às suas ordens”.
Dentro em pouco, também, um casal de nobres, acompanhado pelo velho porteiro, sempre trazendo a lanterna para alumiar o caminho, descia a escadaria de mármore, que ficava à direita do misterioso palácio, dando para uma alameda cercada de simétricos arbustos, que se aprofundando pelo terreno, ia ter à cavalariça e às casas dos empregados.
Saudado o casal, mui respeitosamente, pelo cocheiro que havia dado o aviso, e o outro, que se mantinha ereto na boleia, entraram na carruagem, fechando sem estrépito, a portinhola, donde se destacava o brasão do Conde de San Lorenzo. E os cavalos, no começo, “em marcha lenta e cadenciada”, arrastaram a carruagem até a primeira esquina, tomando daí em diante, maior velocidade, principalmente ao passar pela grande praça onde se ergue ainda hoje a famosa “Catedral de Strasburg”.
Uma hora não havia passado, e já outra carruagem, parava à porta do referido palácio. Nova chamada… e o mesmo porteiro, abrindo o grande portão de ferro que rangia nos gonzos, de modo estranho, erguia a lanterna acima da cabeça, para que um outro casal, que acabava de sair da mesma carruagem, pudesse alcançar a escadaria de mármore e a porta que à esquerda do patamar, dava entrada para o hall, donde partiam as várias ramificações internas de tão rico, quão enorme palácio. Na porta os esperava a velha esposa do porteiro, que aos mesmos recebeu – num misto de respeito e de alegria – conduzindo a Sra. Condessa Serafina para os seus régios apartamentos, que ficavam logo à esquerda do corredor, onde ia ter a escadaria interna, que era vista desde a entrada. Seu esposo, entretanto, dirigiu-se para uma espécie de laboratório, onde um rico candeeiro pendente do teto, repleto de velas, iluminava, por completo, principalmente a mesa cheia de livros e papéis, ali deixados, propositadamente, para que outras mãos prosseguissem o mesmo trabalho iniciado pelas primeiras: as do Conde de Cagliostro substituindo as do Conde de S. Germano, justamente, aquele que, ao lado também da sua companheira, acabava de deixar tão “misterioso palácio”.
O fato, entretanto, não se dava pela primeira vez.
Pela manhã, os vizinhos, os conhecidos, ou melhor, os poucos que logravam divulgar as figuras de qualquer dos dois casais, não se aperceberam, nem poderiam aperceber-se dessa troca tão necessária… Ademais, além de parecidos ambos os casais, nada melhor para encobrir, outrora, semelhante disfarce do que as famosas cabeleiras à Luiz XV.
Sim, o verdadeiro nome do Conde de S. Germano no que diz respeito à parte mais esotérica de sua missão, era LORENZO PAOLO DOMICIANI, cujas iniciais são as mesmas que o Conde de Cagliostro trazia pendente do pescoço, e costumava mostrar às Associações secretas de antemão prevenidas pela Ordem de Malta, ou mesmo, às do Egito etc., donde ele procedia… Como tudo na vida de caráter esotérico, as três referidas iniciais, possuíam sete chaves interpretativas, tendo por origem o referido nome do Conde de S. Germano; a seguir, o da missão do mesmo Cagliostro, ou seja, LILIA PEDIBUS DESTRUE desde que, se a Voz do primeiro (seus conselhos etc.) não fosse atendida, teria este que desaparecer, tomando o seu lugar, o segundo. Como o dissemos em outros lugares, na razão do Destruere et Construere.
Alexandre Dumas, no seu imortal romance As Memórias de um Médico, confunde – como outros mais, a esposa do Conde de Cagliostro com a do de San Lorenzo ou melhor, com a de LORENZO PAOLO DOMICIANI, ou o mesmo S. Germano, chamando-a de Lorenza, quando o daquela era Serafina (7).
Lorenza Feliciani Domiciani, era o nome por inteiro da esposa do Conde de S. Germano, por sua vez, possuidor como se viu, de mais dois nomes: Lorenzo Paolo Domiciani e Conde de San Lorenzo… E se ao invés de Paolo (o nome de ambos composto de três, na razão simbólica da mesma Trindade que ambos representavam…) possuía ela o de Feliciani, para indicar que a mesma, “representava o aspecto feminino do referido Ser”. Sim, e além do mais, porque as duas cruzes egípcias (a chamada cruz ansata), muito conhecidas daqueles que se dedicam a semelhantes leituras, a do Sacerdote é fechada, enquanto a da Sacerdotisa é aberta; na mesma razão o P para o F…
Quantas coisas novas que os próprios Ocultistas e Teósofos, ignoravam por completo!…
Já não queremos falar nas dolorosas ofensas, que o escritor português Camilo Castelo Branco, quis fazer ao casal, Cagliostro-Serafina (para outros, Lorenza) no seu romance bem pago, intitulado José Balsamo. Por infelicidade, ou melhor, por seu mau Karma, teve o fim de vida desastroso, que todos conhecem: o suicídio. Em nada adiantaram os bondosos conselhos que lhe deu o genial poeta Guerra Junqueiro. “Quem semeia ventos, colhe tempestade”. Ou então, “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Castelo Branco, que “negro” se fez vendendo a sua prodigiosa pena aos “Jesuítas”. Sim, os mesmos que meteram na prisão do Castelo San Ângelo, esse mesmo Cagliostro! além de destruírem pelo fogo, todos os documentos que lhe pudessem servir de defesa, mas ignorando até hoje, que existe um livro, como cópia fiel dos referidos documentos, que virá ainda à luz do dia… como virão outros documentos, que hão de fazer morrer de vergonha, os que tão criminosamente levaram às inquisitoriais fogueiras tantas almas verdadeiramente “santas”…! Como já dissemos, quer H.P.B., quer o mesmo Roso de Luna, bem longe estavam de saber, ao certo, todos os mistérios, que envolviam as vidas dos Condes de Cagliostro e S. Germano.
Nas descrições feitas por H.P.B. existem algumas coisas verídicas, mas outras completamente errôneas…
Não desejamos apontá-las, muito menos, comentá-las… Preferimos o testemunho, mais do que insuspeito, de um cartão postal romano que, de modo idêntico ao primeiro estampado neste estudo, veio ter às nossas mãos, por sua vez, na presença de inúmeras pessoas. Quem o enviou, teve a gentileza de assinalar com uma seta, a janela por onde escapou o mesmo Conde de Cagliostro, deixando um outro em seu lugar, que nada sofreu, nem poderia sofrer, pelas razões que abaixo vão apontadas:
O Conde de Cagliostro, como “um ser agartino”, não podia deixar de ser uma “criança trocada”. Por isso também “não podia deixar de ter um pai terreno”… E esse, era irmão do famoso Cardeal de Rohan, por sinal que, amigo de Cagliostro, e muitas vezes salvo por ele… (8)
Quando o mesmo Sr. de Rohan… soube quem era seu filho (e isso por um Adepto…), correu imediatamente à presença do Papa, embora que disfarçado. Apresentado o seu cartão à S. S., foi ele imediatamente recebido. Sim, por ser o Grão Mestre da Ordem de Malta, à qual também pertencia o referido Papa… Este, já ao par de tudo quanto lhe relatara o Conde de Rohan, tomou as devidas providências a fim de que “o Conde de Cagliostro pudesse fugir da prisão onde o meteram os membros… da santa Inquisição…”

"Postal Romano" que faz parte do Arquivo particular do Presidente Geral da STB. Tal "postal" se comenta por si mesmo... E muitissimo mais se fosse possivel mostrar na integra, de público, a mensagem contida no verso... C'EST DEFENDU.

“Postal Romano” que faz parte do Arquivo particular do Presidente Geral da STB. Tal “postal” se comenta por si mesmo… E muitissimo mais se fosse possivel mostrar na integra, de público, a mensagem contida no verso… C’EST DEFENDU.

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(1) Noel lido anagramaticamente, equivaleria a Leon (ou Leão), que além de outros sentidos, possui o do signo do Sol. No entanto, devido à sua brusca aparição diante da sua amiga, a condessa Ademar, fazia o significativo papel do “Papai Noel”, embora que não portador de “presentes” nem de boas novas, e sim, de preciosos conselhos… Voltar

(2) Note-se que S. Germano possuía o papel do Construere, enquanto Cagliostro, o do Destruere. Por isso, procurava aconselhar antes, para que a mão da Justiça (a sua coluna da direita, para a esquerda, Sabedoria…) não se manifestasse, com o rigor kármico de todos os erros da época. Voltar

(3) O fato se reproduz sempre com todos os dirigentes de povos. Sim, para que estes por sua vez, sejam salvos, bem guiados, instruídos etc. Em outros estudos já falamos dos “homens de capa, desta ou daquela cor”, de acordo com a sua própria linha, ou hierarquia, se o quiserem… Nem todos, entretanto, gostam de aceitar conselhos, pensam que tudo sabem, por isso mesmo, resolveram sós, todas as dificuldades. Não foi assim que se deu com Napoleão que, embora tenha ouvido outros conselhos do “homem da capa encarnada”, não aceitou o último, justamente, quando “a sua estrela se encontrava em exílio?” Que aconteceu? Respondem: Waterloo e consequente “exílio” na ilha de Santa Helena… Voltar

(4) Nunca é demais dizer que a condessa Ademar, por sua vez, estreitamente ligada estava ao mesmo Conde de S. Germano, quer naquela vida, quer em outras… anteriores. Riam aqueles que não acreditam nas duas sábias leis da Reencarnação e Karma. Mas, rirão como pobres ignorantes que são. Por isso mesmo, sofrem.Voltar

(5) Considerado o Conde de S. Germano como uma personagem enigmática pelos escritores modernos – diz H.P.B. em seu Theosophical Glossary e em A Modern Panarion – Frederico I da Prússia afirmava que “ninguém poderia compreendê-lo”. Era extraordinariamente belo, falava inglês, francês, italiano, português, espanhol, russo, alemão, sueco, dinamarquês e muitas línguas eslavas e orientais, como se pertencesse a tais países. Riquíssimo, presenteava os seus amigos com soberbas jóias; era um músico maravilhoso que tocava todos os instrumentos, sendo o violino o seu favorito. “Neste, S. Germano rivalizava com o próprio Paganini”, disse em 1835 um octogenário belga, depois de o ter ouvido. Enfim, um barão da Lituânia, que havia ouvido aos dois, exclamou: “Paganini é S. Germano ressuscitado, que toca violino no corpo de um esqueleto italiano” (Maneiras de dizer, primeiro porque pairam muitas dúvidas a respeito da espécie de magia empregada por Paganini… e segundo, porque S. Germano nunca foi “italiano”. E se sabia tantas línguas, era por conhecer a “língua-Jina” ou agartina, como “língua universal”, que bem poucos conhecem).

Nunca pretendeu possuir poderes taumatúrgicos, porém, mil vezes provou que os possuía. Passava de trinta e seis a quarenta e oito horas sumido em transe mortal… E sabia tudo quanto queria saber, como o provou centenas de vezes. Prognosticou a Luiz XV e XVI, os seus destinos. Não são poucos os que testemunham a sua maravilhosa memória. Lia um escrito por inteiro, só em lhe passar os olhos e jamais se esquecia do conteúdo. Escrevia com ambas as mãos, muitas vezes, ao mesmo tempo, verso com uma, e prosa com outra. Lia cartas fechadas sem tocá-las. E era um alquimista de tal ordem, que tanto fabricou ouro, como brilhantes de imenso valor; arte essa, que dizia “ter aprendido com certos brâmanes, que lhe ensinaram a cristalização do carbono” (na Agartha, dizemos nós, não há necessidade de fabricação dessas preciosidades… Tudo existe ali com fartura. O filme Horizonte Perdido, que foi passado em alguns cinemas, é um mísero arremedo do que se passa nessa “região” conhecida como “mundo dos Imortais”… Nas mesmas condições, o romance e filme “Ela”). Em certa visita que fez ao embaixador francês em Haia, em 1780, com um martelo dividiu um diamante de tal forma, que vendeu um dos fragmentos a certo joalheiro, por 5.500 luíses afirma um nome insuspeito, que é Kenneth Makenzie. Foi grande amigo de Frederico, o Grande, da Prússia e de outros sábios e príncipes. Como era natural, também tinha muitos inimigos, que o caluniaram a mais não poder… A maneira pela qual trataram os escritores ocidentais (inclusive, as enciclopédias, do mesmo modo que, a Cagliostro e Paracelso), a um tão elevado Ser, representa verdadeiro estigma à natureza humana. E assim, outros mais que tiveram o grande pecado de quererem trabalhar, em várias épocas da História, pela felicidade e grandeza da mesma Humanidade.

Contrariamente aos que asseguram – sem documento algum de valor – ter o mesmo morrido em 1783 (trata-se de um ciclo misterioso, que teve lugar em tal época, ou seja, um século antes do de 1883, tido nas mesmas condições etc.), respondem a entrevista privada de 1785, com a imperatriz da Rússia, sua aparição na província de Lamballe, quando a condessa desse nome se achava diante do Tribunal, ou seja, momentos antes que um carniceiro a decapitasse, e também, a Jeanne Dubarry, amante de Luiz XV, quando subiu à guilhotina nos dias do Terror, em 1793. Respeitável membro da Sociedade Teosófica de Adyar, residente em uma cidade russa, possui importantíssimos documentos acerca de tão excelsa personagem, os quais vingarão, a seu tempo, um dos mais elevados caracteres da época moderna (de todas as épocas, seria melhor dizer…). O Conde de S. Germano foi, finalmente, o Adepto Oriental de maior alcance espiritual que a Europa teve ocasião de ver durante os últimos séculos. Talvez, entretanto, que o reconheça melhor… no próximo Terror (quando novamente estiver presente na face da Terra, como ele mesmo o predisse), e que afetará a toda Europa, e não a um ou dois países…” (o próximo Terror, referia-se à guerra atual [2ª Guerra mundial).

Em resumo: Se Tróia teve uma Cassandra e Israel, uma plêiade de profetas, França e outros lugares… um S. Germano; a verdadeira História, que não se desmente, em suas leis, nos apresenta sempre, antes das grandes catástrofes, prodigiosos Seres, que procuram evitá-las, sem ir de encontro à essa lei sagrada e inviolável de homens e povos, a que denomina de Karma, ou Lei de Responsabilidade.

Já há 14 anos, nos números 13 a 17 desta Revista, em artigos dedicados à Obra em que a STB se acha empenhada, ao tratarmos de Seres dessa natureza, dissemos as seguintes palavras:

“Christian Rosenkreutz está chefiando atualmente uma missão no continente americano (o preparo do campo onde se dará o advento das 6ª e 7ª, sub-raças do ciclo ário), cercado por abnegados discípulos de outrora, que O servem conscientemente e, sem temores nem restrições de espécie alguma. (Quem serve à Lei não deve ter preocupações do bem ou mal que lhe possa advir).

“Os tempos são chegados! Os albores de uma Nova Era exigem dos filhos da América latina um esforço conjugado para o mesmo fim, isto é, em prol da Grande Obra espiritual que tão diretamente nos atinge.

“Todos os grandes centros de atividade espiritualista, pela mão oculta do principal Dirigente de tão excelso Movimento, se agitam – pouco importa se conscientemente ou não como verdadeiros formigueiros nas entranhas da Terra, para que dentro em breve o Grande Trabalho possa entrar em franca atividade, isto é, com maior eficiência, quando a maioria dos seus componentes houver compreendido que, intolerância, desrespeito, hipocrisia, orgulho, vaidade, mentiras ou falsidades, que atingem ao máximo dos crimes de lesa-Lei, ou seja, o da Traição, não são as ferramentas de que se serve (embora que, para demonstrar o dever que incumbe a todos os espiritualistas dignos desse nome, se tenha que usar de palavras, para muitos, tomadas como condizentes com o que antes é condenado) quem O dirige, e seus principais auxiliares, para a Construção de tão suntuoso Edifício.

“Para o verdadeiro Iniciado, não existe nem tempo nem espaço. Por isso mesmo, tanto lhe faz trabalhar para algo que tenha resultado imediato, como para aquele que se realize alguns séculos depois. Sim, por não visar recompensa alguma, nem mesmo “o reino do céu”, que em si já representa “interesse”, ou mesmo temor de algo que não conhece, tal como uma criança que estuda as suas lições, visando qualquer dádiva por parte de seus pais (um brinquedo, um passeio, a ida ao cinema etc. etc.), e sim, o cumprimento do Dever que lhe incumbe na presente vida, e ao qual se pode denominar de “missão” (donde provem o de messias), pois, não há um só homem na Terra, que não tenha a sua: o médico, o verdadeiro sacerdote, o Chefe de Estado etc. etc.

“Para aqueles que conhecem as sublimes leis da Reencarnação e Karma, uma vida não é mais do que um milésimo da Eternidade. Mas sabem, também, que uma vida perdida inutilmente, representa um borrão difícil de ser apagado no Grande Livro da Evolução Humana.

“Daí a necessidade que tem o homem – o Pequeno Arquiteto – de imitar a sua própria Origem ou seja o Grande Arquiteto, na sua eterna faina de construir, edificar… coisas belas e perfeitas.

“Trabalhemos, pois, todos sem exceção alguma, pouco importa os credos religiosos ou ideais a que pertençamos, além do mais, respeitando as leis de nosso País, e também as dos outros, pois somos todos sem exceção alguma as células de que se compõe esse Grande Todo, que se chama Humanidade”.

Em anotação de um dos citados artigos, transcrevendo palavras de Blavatsky, transmitidas a pequeno número de teósofos por A. Besant, fomos obrigados a fazer alguns comentários sobre o assunto:

“O fundador de todo o Movimento espiritualista moderno (não apenas o moderno, dizemos nós, se já provém de Kunaton, como a Origem de todas as Associações secretas) foi Christian Rosenkreutz que, procedente do Oriente (da Agartha, deveria ela dizer) criou, com outros doze Mestres (tal como o “Rei Artus e seus Doze Cavalheiros” etc.) a famosa Instituição ROSACRUZ. Cada um desses Doze membros trazia a missão de facilitar o desenvolvimento da Ciência Moderna (a Renascença), impulsionando o cultivo da antiga Terapêutica, com a fundação da ciência médica atual (por infelicidade, repleta ainda de erros…); o da Astrologia, base de nossa Astronomia (e com a qual já se preocupa o mesmo Einstein); o da Alquimia, base da Química etc. Cada um desses Doze Mestres tinha, por sua vez, um discípulo adequado, por isso mesmo, capaz de perpetuar a respectiva Ciência do Mestre.

“Rosenkreutz reencarnou em Hunjadi Jainos (um tulku seu, e não ele mesmo reencarnado naquele…), célebre defensor da Hungria (todas as vezes que em jogo estiver qualquer trabalho político, veja-se sempre um outro lhe servindo de escudo, de “cobertura exterior” etc. porque, o Poder Temporal é um, e o Espiritual, bem outro). E depois, em Bacon Verulanio (outro erro, chamem a este, de tulku, se o quiserem, ou de outro nome qualquer, para semelhante função…), o grande escritor e filósofo inglês, fundador de outro organismo de caráter rosacruciano (novo engano…) e depois, no húngaro Rakowski, príncipe real que, desaparecendo depois, salvou seu país na luta com a Áustria. E sua personalidade continuando através dos séculos, é a mesma do Conde de S. Germano no século XVIII, preclaro discípulo da Loja Branca ou dos Arhats (novo engano, cuja correção já foi dada em outro lugar deste estudo…). Um amigo e discípulo, por sua vez, de S. Germano foi o austríaco Zimsky, mais conhecido como “Irmão José”. S. Germano e Zimsky trabalharam juntos no século XVIII, fundando muitas sociedades secretas, algumas delas de caráter maçônico, e nas quais eram admitidas, indistintamente, senhoras e homens (dentre as senhoras, a própria mãe de Maria Antonieta, Maria Teresa de Áustria…). Os dois referidos Seres (S. Germano e Cagliostro, pouco importa o nome Zimsky…) tudo fizeram, quando lhes foi possível, para estender o Ideal da Fraternidade entre os povos porém, a Europa, não estava preparada para semelhante Movimento (haja vista, “a queda da Flor de Lis francesa ou dos Bourbons…). Este ensaio, sim teve êxito na América, que estava melhor preparada para recebê-lo (Besant se refere apenas, ao que ela sabia, isto é, Norte América, além do mais, como “mônada anglo-saxônica”… E por isso responde com dois secos Rien! Rien! a Roso de Luna quando lhe diz que pretende ir à do Sul lançar os primeiros alicerces da Missão em que hoje se acha empenhada a STB…”. Sim, pois foi ele, o seu verdadeiro Arauto ou Yokanan, como Blavatsky o foi para a primeira, mas errou, juntamente com Olcoott, em volver às Índias, na razão de um “passado morto”…), com a instauração e independência da grande República, enquanto fracassava na Revolução francesa (não esquecer que, de 1789 para 1899, que foi a Brasileira… vai um século justo! Que poderia saber ela, Besant, a respeito?… Rien! Rien! dizemos, também hoje, repetindo suas próprias palavras de outrora ao incomparável Teósofo, antes citado). Segundo as palavras que S. Germano deixou consignadas em suas Memórias, “ele voltará a apresentar-se no começo do século XX”. Voltar

(6) Nos velhos tempos, onde não havia ainda a “campainha elétrica, era desse modo que uma visita ou alguém que desejasse falar com o dono da casa, avisava estar à espera do lado de fora”. Inúmeras são as casas, dos tempos coloniais, em diversos estados brasileiros, senão mesmo na Europa, que ainda conservam a “aldabra”.
Na cidade do Salvador, por exemplo, a mesma se distingue – como na do misterioso palácio a que nos referimos, em Strasburg – por u´a mão voltada sobre si mesma, sustendo uma bola de metal amarelo, que era justamente o que, batendo em uma placa do mesmo metal, servia de “aviso”. Voltar

(7) Já estamos a ouvir dizer aos pseudo-rosacruzes de hoje: “S. Germano não era casado. Nem um só dos documentos que se conhece a seu respeito, diz semelhante coisa”. O termo em nada influi ao caso, se em outros lugares deste estudo já demos a razão de ser de um “aspecto feminino”… Fique, pois, cada qual com a sua opinião, pois que não será isso que influirá a favor da “redenção do mundo”. Voltar

(8) Cagliostro não era um agente da Ordem dos Templários, da de Malta ou de outra qualquer, como julgam os mais famosos escritores ocultistas e teosofistas, dentre eles Eliphas Levi (pseudônimo do Abade Alphonse Constant), Saint-Yves de Alveydre e outros mais. Como se viu no texto, era um Ser procedente da Agartha, do mesmo modo que o era S. Germano, além de um terceiro (S. Germano representando o próprio Rei do Mundo, Melki-Tsedek etc. e Cagliostro e o outro, seus dois Ministros, Colunas vivas, o nome que lhes quiserem dar). Todas as Ordens Secretas, Instituições de valor, as próprias religiões, reis, imperadores, dirigentes de povos, sejam eles quais forem, dependentes se acham de semelhante Governo Oculto do Mundo, para não dizer, sob a sua proteção. No momento em que se desviarem da Lei (lei de Amor, de Verdade e de Justiça), abandonados ficarão a si mesmos e, consequentemente, a tudo quanto lhes possa acontecer, se tal proteção deixar de existir. Por isso, essa mesma Representação Ternária, quando nas grandes debacles do mundo, para não dizer, em ciclos maiores ou menores, se faz sentir através de um Movimento Oculto da maior transcendência, para que tenha lugar um novo equilíbrio, tanto de ordem material, como espiritual, na face da Terra. Em ciclos maiores, como se sabe, tal fenômeno (ou Movimento) vem direto dos céus, através de um avatara. Assim se deu com Rama, Yeseus Krishna e outros mais, o que não deve ser confundido, entretanto, com o aparecimento de outros Seres. Os termos deuses, semideuses e super-homens são bastante claros para definir tudo quanto fosse possível dizer em uma simples anotação como esta. Inútil, portanto, dizer que o Conde de Cagliostro não podia deixar de se cercar dos mais bem tecidos véus (os “véus de Maya”, ou da “ilusão dos sentidos”), no que diz respeito a profanos, para que ninguém, ao certo, pudesse saber quem ele era, muito menos donde provinha e qual a sua missão. Muito mais, ele próprio servindo de “cobertura exterior”, uma espécie de escudo, ao lado de outro, em defesa da Coluna Central, que – como foi dito – era S. Germano. E este, por sua vez, ao referido Governo Oculto (ou espiritual) do Mundo, o próprio Melki-Tsedek, reconhecido pela mesma Índia como Bhagavan Narayana (“Poderoso Chefe da Jerarquia Espiritual”). Há uma frase que, a cada passo se encontra nas escrituras ocultistas e teosóficas, a que até hoje ninguém ligou a menor importância, ou melhor, passou despercebida aos mais eminentes representantes do Neo-espiritualismo. Referimo-nos àquela onde se diz “que cada globo de um sistema serve de corpo ao respectivo Planetário”. Sim, aquele que, espiritualmente o dirige. Logo, tal Ser, Força, forma arcangélica, o nome que lhe quiserem dar, não podia deixar de ser representado por este mesmo Governo a que tanto nos referimos: o Governo Espiritual (ou oculto) do Mundo. É ele que faz manter a Lei (ou Dharma) na face da Terra. Quer por meio da referida Tríade (a mesma que sempre se apresenta nas ocasiões de certos Movimentos da mesma natureza, como se disse anteriormente), quer pelos próprios Adeptos da Boa Lei (o nome o diz), ou sejam, os preclaros Membros da Excelsa Fraternidade mais conhecida como Sudha-Dharma-Mandalam. Reconhecem Eles como Lei: A Causa desconhecida dos efeitos, que podem ou não ser observados, chama-se Vida Una, imutável em sua eternidade, essência de tudo quanto não poderia existir sem Ela, que não teve princípio nem nunca terá fim, do qual emana Mahat, o mental ou Inteligência Universal, como Síntese de todas as Inteligências, diferenciadas, por sua vez, em todas as manifestações existentes, inclusive nos seres humanos. É o movimento eterno e imutável, que governa as demais leis da Natureza, que regem, por sua vez, o equilíbrio dinâmico dos Universos e a Harmonia perfeita que envolve, soberana e completamente, tudo quanto nos é possível sentir ou observar na mesma Natureza, excedendo tudo quanto a nossa mais do que cega inteligência possa abranger ou compreender. Tal Movimento ou a Suprema Lei que a rege, é a Única Divindade Eterna e Absoluta que um verdadeiro Teósofo pode conceber. Por isso mesmo prefere dar-lhe o nome de LEI. Sim, a Lei que a tudo e a todos rege. Por tudo isso e muito mais ainda, serviram-se tais Seres (Cagliostro, S. Germano etc.) de processos fenomênicos, com o fim de atrair discípulos da Sabedoria Iniciática das Idades, como fiéis auxiliares desses mesmos Movimentos, que se apresentam no mundo, em tais ou quais épocas.
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Colaboração de Zélia Scorza Pires
São Lourenço, 21.04.2016

 

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