A FORÇA DO PERDÃO

       Jesus, no auge da dor deu um exemplo admirável do que é perdoar, ao rogar ao PAI que perdoasse aqueles que o martirizavam porque não sabiam o que estavam fazendo.

       Tal exemplo, incomparável, infelizmente não surtiu o efeito que deveria, pois do contrário os seres da face da Terra não teriam continuado os mesmos. Ainda não se conscientizaram que o perdão é a mola-mestra do mundo. O que hoje se vê e isso vem de longas eras é o contumaz espírito de vingança, até mesmo nas mínimas coisas, fatos tão insignificantes e corriqueiros, que bem poderiam ser olhados como pequenos contratempos da vida. Mas não. São levados à risca e na primeira oportunidade, retribuídos…

        Enquanto isso a Natureza, que aparentemente parece não ter a nada ver com o comportamento humano, sofre as consequências… É fato notório e todos os espiritualistas sabem, que homem e Terra evoluem juntos. Resultado: para que a Natureza consiga resistir aos ataques contínuos de ódio e derramamento de sangue despejados diariamente sobre ela, a saída, para defender-se, é a revolta dos elementos, destruição que dificilmente não vem acompanhada de dor pela perda de vidas humanas e prejuízos materiais.

       É o homem e isto ele tem de conscientizar-se, o causador de tudo que lhe acontece. Não fosse o seu egoísmo, arrogância, prepotência, e tudo o mais que essas más tendências carregam consigo, e a Natureza agiria de forma branda, não comprometendo e nem prejudicando quem é seu parceiro na evolução. A Terra não está de todo pronta, assim como não está o homem. Portanto, ambos passam por transformações: a Terra, transformações geológicas, o homem, transformação interior. O homem tem o dom da inteligência que o seu livre arbítrio conduz para o mal ou para o bem. A Terra, sendo um “organismo vivo”, consequentemente, tem quem a comande. Vemos isto explicitamente nas seguintes palavras de Henrique José de Souza:

        “Quando o homem chegar a dominar-se conscientemente, dominará, também, a natureza que – submissa e escrava, obedecerá às suas ordens. Porém, enquanto imperar o egoísmo entre os homens, os elementos transbordados serão tão caprichosos e cruéis quanto a humana natureza”.

      Portanto, não adianta lastimar-se, revoltar-se e descrer… Há meios de acalmar os elementos revoltados da Natureza: é cada habitante vigiar a si mesmo, mudando para melhor o seu modo de agir, pensar e falar, começando primeiramente por perdoar “a quem nos tem ofendido”, conforme aconselha o Pai Nosso. Deus sequer conhece o que vem a ser castigo. É o homem que a si próprio castiga, porque há nele a má vontade de não perdoar, não reconhecer no seu irmão em evolução um ser tão imperfeito quanto ele próprio.

       Produzir, fazer germinar uma idéia, praticar seja o que for, é direito de cada um. Chega, porém, o dia em que o resultado de tudo isso é pesado, medido e contado… É aí que as coisas se complicam, por isso não atirar nunca a primeira pedra. Perdoar setenta vezes sete como recomenda Jesus e a Terra talvez – pois o tempo é cada vez mais curto – abrandará os impactos que neste “final de ciclo apodrecido e gasto” está apenas cumprindo o seu dever…   

        Para acalmar a revolta dos elementos, a transformação humana teria de ser como um mutirão mundial, dado o adiantado da hora… Pesa sobre a Terra, fazendo-a sofrer, excesso de tudo que é ruim e degradante, porque o espírito de vingança está muito enraizado no homem.

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Zélia Scorza Pires

São Lourenço, 08.01.2014 

     

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