Todos temos na vida um mistério
Do Anjo da Luz que desceu aos abismos
E perdendo a visão de um mundo real
Mergulhou-se nas trevas de luxúria e cinismo.
LUZ! Grita o anjo caído em pranto e agonia.
CARNE! Grita um corpo chagado em ânsia e volúpia
E sonhando na treva com um mundo de luz
Ambos se juntam carregando a cruz.
Ali está a luz, brilhando sempre no coração
Aqui está um corpo cego, eternamente em solidão.
Pára um instante! Olha o vazio que te cerca
O teu mundo, o meu mundo: DIFERENTES!
Somos dois e não somos um par
Porque somos apenas dois anjos doentes.
(Rio de Janeiro – 1964)