MINAS TRABALHA EM SILÊNCIO

Já que não existe acaso, mas sim causalidade, a conhecida frase “Minas trabalha em silêncio”, era costume nosso associá-la ao trabalho espiritual lançado ao mundo pelo Professor Henrique José de Souza, e que no ciclo atual tem seu foco na cidade sul mineira de São Lourenço, irradiando-se para outras sete cidades-irmãs ao redor. Um dia, arrumando minhas papeladas, encontrei um recorte de jornal que eu mesma guardara, do leitor Carlos Jardim, de São Lourenço, endereçada ao Jornal Estado de Minas, publicada na seção “cartas à redação”, sobre a origem da expressão “Minas trabalha em silêncio”. Que nos perdoe os que já conhecem o fato, sempre haverá os que ainda desconhecem. Diz o leitor:  

“É sempre interessante descobrir como se criaram certas expressões. “Os mineiros trabalham em silêncio” é uma delas. Em 1714, as Minas Gerais faziam parte da Capitania de São Paulo e, depois da descoberta de ouro, a região foi dividida em três comarcas. Entre os marcos divisórios instalados, havia um cruzeiro no alto do Monte Caxambu (Sul de Minas). Ele indicava a divisa entre as comarcas do Rio das Mortes, em São João del-Rei (MG), e da Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba (SP). Em decorrência da Guerra dos Emboabas (*), em 1720, criou-se a Capitania Independente das Minas Gerais, que tinha o cruzeiro, colocado no Monte Caxambu, como referência. Para o Norte seria Minas, para o Sul, São Paulo. O problema para os mineiros era que isso proporcionaria aos paulistas a posse de uma grande extensão de terra nas montanhas e as bacias dos rios Grande, Verde e Sapucaí – território e mananciais do interesse de Minas. O que fizeram os mineiros para reverter a situação? Sem pegar em armas, de modo pacífico e silencioso, os integrantes da Câmara Municipal de São João del-Rei mudaram a posição do marco, levando-o para o alto da Serra da Mantiqueira, cerca de 80 quilômetros adiante, já no lado do Vale do Paraíba, o que deu origem, mais tarde, à cidade paulista de Cruzeiro. Com esse artifício, Minas ganhou toda a região conhecida hoje como “Terras Altas da Mantiqueira”. Daí vem a expressão “os mineiros trabalham em silêncio”.    

(*)Por lei de causalidade, em São Lourenço, no Solar dos Lagos, existe um hotel de nome Emboabas…

O MG de Minas Gerais deve ter também seus mistérios, assim como o MG de Mar Grande na Ilha de Itaparica, e o MG de Roncador, ou melhor de Nova Xavantina, em Mato Grosso, locais onde estão os três Templos da Sociedade Brasileira de Eubiose, formando “o Triângulo Indeformável do Brasil”. Faltou o MG de Brasília, pois o Prof. Henrique José de Souza menciona em suas cartas que a capital deveria ter sido erguida em território mineiro, o MG que ficou faltando…  

 

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Zélia Scorza Pires, dezembro de 2006

Publicado no Integre-se nº 81

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