Os verdadeiros Teósofos, assim como os adeptos do Budismo, do Espiritismo, que mais acertadamente deveria chamar-se Animismo, pois está relacionado com a Alma e não com o Espírito, e outras mais religiões e filosofias que adotam as leis de Karma e Reencarnação, sabem que coisa alguma acontece por acaso. Essas duas sábias leis nunca estão ausentes dos fatos diários, por mais insignificantes que eles sejam. Tudo é matematicamente previsto. O sofrimento, nas suas mais variadas formas, olhado por esse ângulo pode ajudar o ser humano a suportar com mais resignação, as desagradáveis surpresas que a vida sempre apronta.
A Cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, não passa por uma fase boa: em 2007, graças ao policiamento ostensivo, a cidade vibrou com dois eventos importantes: a eleição do Cristo Redentor como uma das Sete Maravilhas do Mundo, e os Jogos Pan-americanos. Confrontos, balas perdidas, tudo nesses dias correu sem incidentes graves. É nesse contexto que entra nosso pequeno comentário, que acreditamos ensine alguma coisa graças às informações do Professor Henrique José de Souza. Segundo ele, a “bala perdida”, quando acontece de atingir alguém, é o mau karma da pessoa que a encaminhou… Seja karma da vida presente ou de vidas passadas. Diz ainda: “a bala numerada ou nomeada”, ela é, naquele momento, a sua correspondente, esteja a pessoa perto ou distante do local donde a bala foi projetada ou mesmo dentro de casa…
Cabe então a pergunta: que cálculos tão perfeitamente determinados conduzem o destino da bala? Só pode ser o julgamento imparcial dos Lípikas, os Senhores do Karma. O ser atingido, caso não morra na hora ou morra depois, ou fique com lesões graves, ou sofra ferimentos leves, ou saia ileso por verdadeiro milagre, neste último caso “a vida corrige em tempo…”. Ou seja, a Lei da Compensação “suplantou o valor potencial de seus erros passados”. Quem, senão uma Fonte Superior para conduzir tão bem um trabalho assim.
Sabemos que nada disso pode aliviar o coração de quem perde um ente querido assim tão abruptamente retirado da vida. Melhor seria que nada disso acontecesse; que a cidade fosse sempre tranquila, como já foi em passado não tão distante assim. Seria igualmente bom, se cada pessoa pudesse resgatar o seu próprio karma em suaves prestações, o que muitas vezes acontece sem que o próprio devedor saiba. É quando a própria Lei Divina reconhece, no faltoso, força de vontade para vencer seus próprios erros. O caso, porém, é que no final de um grande ciclo planetário como agora acontece, nenhum karma pode mais ficar pendente para outra reencarnação. Não pode porque a Terra precisa ser aliviada de tudo que retarde o salto evolucional a que ela tem direito, para enfim adentrar a Nova Era que há muito já deveria estar vibrando.
A tranquilidade que tomou conta da Cidade do Rio de Janeiro naqueles dias festivos deu alma nova ao povo carioca, embora continue a viver momentos difíceis quase diariamente. Não faz muito tempo numa pesquisa mundial, o povo carioca foi eleito o mais cordial, alegre e comunicativo. A cidade, porém, tem um karma opressivo sobre ela: o vermelho das paixões e dos vícios degradantes em suas várias modalidades.
Além disso, terrível vingança em passado remoto partiu do pétreo morro do Pão de Açúcar sobre dois príncipes gêmeos, filhos de Badezir, o rei fenício que naquele tempo, com seus dois filhos governavam as brasílicas terras. Decorridos séculos dessa cruel vingança, por intuição e inspiração divina, a própria população plasmou e por fim inaugurou a gigantesca estátua do Cristo Redentor, na corcova de um monte que, em altura, suplanta o Pão de Açúcar… A Pedra de onde partiu a indigna vingança contra tão jovens príncipes. O Cristo até hoje lá continua, com os braços abertos tentando fazer o que pode pela cidade…
Esse karma peculiar, gerado por uma vingança abominável, desde então tornou o pétreo Pão de Açúcar um pão salgado… Foi desta Pedra em forma de cone, que inimigos do rei Badezir provocaram a morte, por afogamento, do régio casal de príncipes, cuja missão divina foi criminosamente interrompida, gerando um karma terrível para a Cidade Maravilhosa, e prejudicando irremediavelmente a evolução de um Trabalho de grandes proporções. Desde então, as consequências geradas pelo karma ficaram registradas com dia e hora marcados… Em hieróglifos ainda hoje lá se encontra a profética data na enigmática Pedra da Gávea… Dia e hora já transcorridos, e cujas consequências não se confirmaram, pelo karma ter sido ou adiado, ou atenuado, ou mesmo desfeito pelos próprios príncipes sacrificados, em vida posterior… Mas há os resíduos… Os quais se juntam a outros que o próprio povo cria com suas incessantes mazelas. No seu pedestal, o Cristo Redentor, embora de pedra, ele emana… Resultado das orações dos turistas e dos filhos da terra carioca que para lá se dirigem. Com os braços abertos, o Cristo continua a amparar a cidade, na esperança de um comportamento melhor por parte da população, a fim de que a profecia jamais venha a ser reativada.
Como não houve por parte das autoridades interesse em evitar das favelas se propagarem, elas por fim acabaram dominando os morros cuja vegetação antes exuberante, era um dos belos cartões-postais da Cidade. A beleza não desapareceu de vez, porque a própria cidade é cercada de lindas e enigmáticas montanhas de pedra. Tanto é verdade que o conjunto de algumas delas, olhadas da Ilha Rasa, propriedade do Exército, se vê por inteiro um Gigante de Pedra, deitado… Teria sido o “gigante pela própria Natureza” e o “deitado eternamente em berço esplêndido” inspirado nessa Criação Divina? Tão imenso é o Gigante, que seu nariz é a Pedra da Gávea, e os pés, o pétreo Pão de Açúcar… Pedra que o Prof. Henrique chama de Pão dos Assuras, nome de uma hierarquia divina que em longínquo passado desencadeou uma rebelião… Do alto de outros morros hoje transformados em favelas, sumiu a vegetação e o canto dos pássaros, mas as balas perdidas continuam a fazer seus trajetos “numerados carmicamente…”
Zélia Scorza Pires
São Lourenço, 14 de julho de 2008.