A MISTERIOSA PERSONALIDADE DE CAGLIOSTRO – Henrique José de Souza

A MISTERIOSA PERSONALIDADE DE CAGLIOSTRO
Henrique José de Souza

Publicando a fotografia de um “adepto” tão mal compreendido pelo mundo profano, e sob quem pesa uma fama tão injusta, aliás, pela obra nefasta dos “eternos inimigos dos Portadores da Verdade”, tomamos como dever dizer algumas palavras em defesa do mesmo, para que outra opinião seja formada a respeito de quem nada mais foi do que “um instrumento do Karma” a favor da coletividade.

A História – essa mãe bastarda da Humanidade – que não nos diz com exatidão os fatos mais recentes de nossa época; ela que até hoje desconhece o berço natal do grande descobridor do Novo Mundo – Cristóvão Colombo ousa atirar sobre a memória de Cagliostro a pecha de charlatão e… até de conivente ou pior ainda, principal autor do furto do célebre “Colar da Rainha”, estribada única e exclusivamente no que subsiste de falso e de perverso nos Arquivos da Polícia parisiense, obra maquiavélica da “Companhia de Jesus”, pois até mesmo os seus livros foram queimados em uma fogueira pública, por ordem da respeitabilíssima “Santa Inquisição”.  

No entanto, despreza tudo quanto ele fez em benefício da Humanidade – como um fiel e dedicado membro da Maçonaria egípcia – ou o Tronco de onde emanou “Aquela que em todos os tempos foi considerada “a gloriosa Mensageira da Verdade e do Bem, que através dos séculos vem abrindo largo sulco de caridade e justiça”.

Em um dos cantões da Suíça, por exemplo, se poderá encontrar lendo uma obra que se diz da autoria dele e cujo título é “O Evangelho de Cagliostro”, foi erguido um monumento em homenagem aos habitantes daquela localidade, e no mármore, cantados em versos os seus gloriosos feitos. Uma cópia da dita estátua se acha na fachada principal da mesma obra.

Baseados ainda nos falsos arquivos da Polícia parisiense foi que o ilustre romancista português Camilo Castelo Branco inspirou-se para escrever o seu livro “José Bálsamo”, e também o insigne escritor francês Alexandre Dumas, sendo que este ainda fez outras buscas em diferentes lugares por onde dizem ter passado o “misterioso adepto”, para escrever as suas “Memórias de um médico”, tal como as demais obras suas, um verdadeiro repositório de ensinamentos iniciáticos.

O mundo teosófico, por sua vez, através a erudição de A. Gedalor, de quem o dicionário “Rhéa” se serve para descrever a personalidade de Cagliostro, diz dele o seguinte: “Este “iluminado” de quem tanto bem como mal se diz, nem é digno “desse excesso de honra”, nem dessa indignidade. Fundador de um “Rito egípcio” (seria ele mesmo o fundador? perguntamos nós), procurou, evidentemente, aliar as formas maçônicas com o “Iluminismo” e serviu-se da magia, do hipnotismo, do mesmerismo etc. etc. (isso, muita gente boa o tem feito até mesmo Jesus, porquanto a Humanidade para não viver afastada da Lei, exige que se lhe faça milagres). Ele tomava, então, o título de “Grão-Copta”, e por outra parte, foi conhecido sob diversos nomes. Desgraçadamente envolvido (diz-se) no assunto do “colar da Rainha” (com vistas às batinas de sua época…), ele perdeu pouco a pouco o crédito e morreu (o grifo e demais interpolações são nossos), fora da França, no Castelo Santo Ângelo, em Roma (“si non é vero é bene trovato!”), onde dizem que pelos maus tratos que lhe deram seus carcereiros (?), foi forçado a suicidar-se. Nada é menos seguro, entretanto (ainda bem!) e o mistério paira sobre o fim desse original adepto das ciências secretas”.

Motivos que não desejamos interpretar levaram nossa amada Mestre H.P.B. a dar uma opinião toda pessoal a seu respeito (dele Cagliostro), tal como se pode ver em seu “Glossário Teosófico”, pg. 126, edição espanhola, aumentada por J. Roviralta Borrell, Barcelona, 1916: “Sua história corrente (diz ela) é conhecida de sobra, para que haja necessidade de repeti-la, enquanto que a sua verdadeira história nunca se relatou (é nosso o grifo). Finalmente foi processado e sentenciado em Roma, como herege, e diz-se que foi forçado a suicidar-se em seu cárcere. Entretanto, seu fim não foi de todo imerecido, porquanto Cagliostro havia sido infiel aos seus votos em alguns conceitos… e quebrado o seu estado de castidade e cedido à ambição e ao egoísmo”.

Quando outro não menos “misterioso ser” assim se expressa… Principalmente quando para conduzir “os sequiosos da Luz” através a Vereda dos Mestres, por sua vez forçado a lançar mão dos “véus mayávicos da Iniciação” (1), tal como a todo instante dizia o seu dedicado auxiliar Cel. Olcott, “que não sabia se tal ou qual fato era real, mas se devido à “maya hipnótica” de H.P.B”, que poderemos nós, míseros discípulos dizer desse seu julgamento para com o “pobre” Cagliostro, senão aquilo que a nossa opinião pessoal nos induz a fazê-lo, embora com todo respeito que a sua memória nos merece, e como fiéis servidores de sua Obra grandiosa no mundo?

É opinião de alguns que Cagliostro afastou-se da Lei etc. etc. No entanto, tendo a Mestra H.P.B. tomado parte na batalha de Mentana, ao lado de Garibaldi, onde foi ferida mortalmente… estando, portanto, de armas na mão lutando contra irmãos, não deixou com isso de ser “a excelsa inspiradora dos ensinos teosóficos no mundo, como discípula eleita da Loja Branca”.

Não, absolutamente não!

Do mesmo modo Cagliostro cuja missão até hoje desconhecida, como a própria Mestra o afirma, foi o escolhido para uma missão mais que espinhosa, principalmente para a corte de um “rei devasso…” e em época de céticos e maliciosos como os Voltaires, os d´Argens, os Diderots e outros muitos!…

Assim foi, na mesma época, a missão do Conde de São Germano!

Diz o adágio: “Cada povo tem o governo que merece”, cujo adágio pode muito melhor ser aplicado ao verdadeiro governo oculto que dirige os destinos humanos.

Sim, Cagliostro era um charlatão; porém, desde que a opinião pública fez dele o “divino Cagliostro”, ele devia operar prodígios… e foi o que aconteceu.

Joana d´Arc também era charlatã, porque o ”charlatanismo quanto triunfa é, pois, em magia, como em tudo mais, um grande instrumento de poder”. Joana d´Arc era, portanto, magia à frente do exército, mas em Rouen a pobre moça não foi feiticeira.

Levada à fogueira inquisitorial, no entanto hoje seu nome e as suas práticas de feitiçaria, outrora condenadas pela Igreja Romana… e demonstradas pela eminentíssima pena do Marquês de Mirville, como obras satânicas… se transformaram, por sua vez, segundo a MÁGICA Igreja… em “milagres” de uma “santa”, digna de figurar no “Flos Sanctorum!…

Napoleão à frente de suas tropas era um verdadeiro mago… Mas deixou de sê-lo quando ele próprio pronunciou as memoráveis palavras: “a minha estrela já não mais me protege”.

Dizem, ainda, os sábios e historiadores, que São Germano era enviado especial de Paris, enquanto que Cagliostro vinha de Nápoles.

Achamos esses dois lugares demasiadamente “exotéricos” para serem, em realidade, os pontos de onde os mesmos vieram em missão especial para o mundo!…

Assim, preferiríamos, antes, afirmar que o primeiro procedesse da Índia ou mesmo do Tibete… E o segundo, de misteriosa Fraternidade africana… Lugares esses para onde deveriam ter voltado após realizadas as suas missões, embora isso prejudique a lenda do suicídio em Santo Ângelo e outras tantas fantasias que correm sobre o nosso biografado de hoje.

Quem nos poderá negar que a “Queda da Bastilha” não houvesse sido de fato, um dos muitos manejos ocultos empregados pelo “misterioso adepto” enviado do Egito?

Do mesmo modo que São Germano, Cagliostro poderia dizer a respeito de seus pais: “Com sete anos de idade fui proscrito e vaguei com minha mãe na floresta…” Sim, porque a sua verdadeira mãe era a ciência dos “adeptos”; os seus sete anos, a dos Iniciados promovidos ao grau de Mestres; as florestas são os impérios privados da Verdadeira civilização e da verdadeira Luz, “como ainda a gloriosa Agartha ou o Sacrossanto lugar onde se realizam as grandes Assembléias dos deuses!

Salve Cagliostro; é outro charlatão quem te defende!…

__________
Niterói, 18.11.1928 – Dharana n. 29/36.

(1) Que seria de Dharana – Sociedade Mental Espiritualista [hoje Sociedade Brasileira de Eubiose], se não houvesse empregado os mesmos recursos para poder fazer a tão difícil separação do “bom trigo do joio”, para transformá-la no que hoje é: uma agremiação de homens que vivem na mais perfeita harmonia, que se compreendem e se justapõem como peças da mesma máquina, como dedos de uma só mão?

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