OS TRÊS IRMÃOS QUE NÃO SE ENTENDIAM

     Era uma vez três reis que viviam a se combater. Um dos reis chamava-se MOREB, com o significado de “montanha que fala”. Governava seis territórios. O outro era chamado AIRU, que quer dizer “fogo”. Dirigia quatro territórios. O terceiro chamava-se ARARAT, que significa “cabeceira das araras”. Dominava cinco territórios. Por razões de temperamento e de missão, os três monarcas não se entendiam. Um dia uma fagulha de bom senso invadiu o coração dos três. Então, através de mensageiros marcaram um encontro de reconciliação, pois as desavenças se perdiam no tempo, e os prejuízos eram incalculáveis, principalmente de vidas humanas. Seriam três encontros em três regiões distintas de um mesmo País. Após minuciosa investigação escolheram o BRASIL, conhecido como nação pacífica e gentil. Se tudo corresse bem, no último encontro pretendiam beber numa mesma taça O VINHO DA PAZ.

      Das cidades do BRASIL, a escolhida pelo rei MOREB foi São Lourenço, sul de Minas Gerais. O rei AIRU preferiu a Ilha de Itaparica na Bahia, e o rei ARARAT quis Nova Xavantina em Mato Grosso. É a estória deste encontro memorável que vamos narrar.

     No primeiro encontro o Céu lampejava tanto, que a Luta pela Paz parecia já ter começado no Alto… Em suas aeronaves que lembram discos voadores, cada rei vinha acompanhado de dois Cavaleiros, que na corte tinham função de Colunas do Rei. Os três monarcas ficariam juntos somente nos três encontros, e isto já era muito, pois a divergência era a marca principal entre eles.  

     As aeronaves rasgavam os céus do BRASIL, quando os três reis avistaram a Serra do Roncador. Os maciços contornos da serra que roncava causou-lhes estranha sensação. Sentiram algo que não souberam definir, mas nada comentaram um com o outro a respeito. As hostilidades entre os três eram antigas e intermináveis. Estando já em solo brasileiro, as saudações foram cerimoniosas, pondo de lado o mais nobre dos sentimentos: o AMOR. Tentativas de um possível acordo foram então iniciadas. Buscavam uma forma de os três reinados se entenderem, pois governantes intransigentes sempre quem sofre é o POVO. 

     Nova Xavantina foi onde se deu o primeiro encontro. O Céu estava sereno; as forças da Natureza pareciam estar em expectativa… A temperatura elevada fez com que buscassem a sombra de uma árvore frondosa: uma linda paineira centenária. Os flocos de algodão caíam generosos fazendo lembrar o dia de Natal, onde Papai Noel vive. À sombra da paineira começaram as primeiras discussões, que poderiam ou não resultar num acordo amistoso. As divergências, que eram muitas, esquentaram os debates. Aos três faltava a qualidade da tolerância, imprescindível para se viver em harmonia. As horas corriam… Cansados, e vendo escapar a possibilidade de um acordo, os três reis resolveram relaxar, caminhando juntos, mas em completo silêncio. Quem visse pensaria que eram três estranhos caminhando na mesma direção. Nessa andança, depararam com a Praça da Alvorada, onde um Templo dedicado ao Filho de Deus mostrava toda a sua imponência. Entraram. Segundo os seus costumes, cada qual meditou o tempo que quis. Saíram reconfortados. Sem que percebessem, começavam a ser mais indulgentes… Era o PRINCÍPIO DA PAZ.

     O segundo encontro foi na Ilha de Itaparica. Antes mesmo das aeronaves pousarem, eles já avistavam um Templo-Obelisco que parecia roçar o Céu. Lindo como ele só. Uma brisa gostosa acompanhou os debates, que, no entanto, continuavam alfinetados porque o AMOR não tinha ainda força suficiente para deixarem-nos relaxados. Mas a semente começava a germinar…

     Cansados, e sem resultados satisfatórios, os três reis resolveram proporcionar a eles mesmos alguns momentos de lazer. O mar cor de esperança e morno, da Ilha de Itaparica, era uma tentação… O dia estava mais do que convidativo. Mergulharam tão à vontade, que mais pareciam adolescentes de 16 primaveras… O relaxamento corporal, mais a água mineral fresquinha, e a água de coco, presentes da Natureza, deixaram os reis bem mais relaxados. Prosseguindo a caminhada, foram ter à Praça Catarina Paraguaçu, onde encontraram o tal Obelisco que haviam divisado da aeronave. Era um Templo dedicado à Mãe Universal. Surpreenderam-se, não por ser um santuário, pois o mundo está cheio deles, mas porque este, estranhamente, tinha relação com o do primeiro encontro. Entraram. Ao saírem, uma transformação interior se operava neles, induzindo-os ao sedutor CAMINHO DA PAZ.

     Rumaram então para o terceiro encontro, desta vez em São Lourenço, Sul de Minas Gerais. Quando sobrevoavam a Serra da Mantiqueira, a “manteiga clarificada” como ela é chamada pelos Adeptos, sentiram a mesma atração experimentada antes quando viram a Serra do Roncador. O que existiria dentro dessas montanhas que tanto os atraía? Viveriam os deuses dentro delas? Teriam elas ligação com os Mundos Subterrâneos?

     Chegando à Cidade-Estância, oh, maravilha! O dia parecia sorrir… Quanto mais os três reis capitulavam, mais a Natureza se enfeitava. Pontos de divergência ainda havia, mas antes de discuti-los preferiram viver novos momentos de lazer. Entraram então nas florestinhas do Parque das Águas Medicinais. O silêncio da mata facilitou íntima conversação com a consciência de cada um… Não se sentiam mais os mesmos. Os sentimentos hostis haviam desaparecido, vencendo a voz do sangue, pois eram irmãos. E então uma conversa amigável foi o que surgiu… E como! E rindo! Prosseguiram a jornada, já agora com o espírito desarmado, rumo a Avenida Henrique José de Souza, onde, no final, pequena ladeira dava na Praça da Vitória, dedicada à Dama Helena Jefferson de Souza. Nesta praça um Templo dedicado a Maitréia, o Supremo Instrutor do Mundo, mostrava quão santo era o lugar. Entraram. Saíram sentindo-se como se tivessem asas… No Obelisco em frente  leram a mensagem, que do lado Ocidental dizia assim: 

      “Glória a todos aqueles que chegaram a este lugar como sendo o dos 22 para 23 graus de latitude Sul, no Trópico de Capricórnio, por Lei traçado como demarcação final de um ciclo para começo de outro, acompanhando tais pessoas os Gêmeos Espirituais ou Parelha Manúsica, através do Itinerário de IO.      Itaparica – Niterói – Rio de janeiro – S. Paulo – S. Lourenço.

      Este monumento foi inaugurado a 24 de junho de 1957”.

      No lado Oriental do mesmo Obelisco, leram o seguinte: “Glória do mesmo modo àqueles que, vindos de toda a parte do Globo, assim o fazendo devido às excelsas vibrações que deste lugar emanam, pois é o do Templo dedicado ao Supremo Arquiteto manifestado no avatara cíclico conhecido pelo nome de Maitréia, aos mesmos a Lei que a tudo e a todos rege faculta o insigne privilégio de serem considerados como SEMENTE DA NOVA CIVILIZAÇÃO. O Oriente se volta para o Ocidente. AUM”.

      Impressionados, os três reis concluíram que os Três Templos estavam relacionados entre si. Que relação poderia existir entre nós e esses três Templos? – indagou AIRU. Estaríamos pelas Leis Cósmicas, ligados a esses Santuários? – comentou ARARAT. Para nos unir, teria o Supremo Arquiteto do Universo arquitetado tudo isto? – completou MOREB. Os três reis então reconheceram que havia desaparecido a teimosa e a animosidade entre eles. Os acordos beneficiariam os três reinados, porque agora eles se olhavam como irmãos, assim como é toda a humanidade. Sentiam-se como sempre desejaram se sentir. Agora, sim, seriam verdadeiros Dirigentes de Povos que neles poderiam confiar. Era, finalmente, A VITÓRIA DA PAZ!

      Desfeito pela Inteligência Cósmica Universal todo o emaranhado de desavenças entre os reis AIRU, ARARAT e MOREB, eles não mais conseguiram conter-se: abraçaram-se longamente! Foi tão sincero e forte o abraço, que um Jato de Luz veio do espaço direto ao coração dos três, inflamando-os com o Amor Universal. Finalmente o entendimento era a arma mais forte que usariam dali em diante. Lágrimas e sorrisos se misturavam. Momentos lindos e inesquecíveis! O Céu, homenageando o CONGRAÇAMENTO DOS TRÊS IRMÃOS, fez cair copiosa chuva de estrelas. O inexplicável acontecimento foi até noticiado pela Imprensa, que destacou que naquele dia em que aconteceu esse fenômeno celeste, três reis de países desconhecidos haviam visitado o BRASIL, sem que se soubesse o por que… Mas nó sabemos a razão do contentamento das estrelas!

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Zélia Scorza Pires

  1. Lourenço, 10 de novembro de 1995.

      

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