Voltemos a nossa memória às raízes do Movimento Espiritual de Henrique José de Souza. Afinal recordar é reviver para não esquecer. Não somos desse tempo, mas nos baseamos no que ele deixou escrito sobre a Instituição por ele fundada. Vejamos:
“Sendo no começo Budismo e Maçonaria dos Tachus-Marus, já era um misto de Oriente e Ocidente. Sua segunda fase foi Teosófica, e a Iniciação continuou até 1956, para, em 1957 se passar ao do Culto de Melki-Tsedek”.
A fase budista foi em respeito aos Mestres do Norte da Índia com quem Henrique esteve aos 16 anos de idade, após sua “fuga espetacular” de casa, induzida pela própria Lei Divina para que o adolescente realizasse, naquelas terras longínquas, algo sacrossanto há muito tempo esperado… Sua pouca idade não permitiu que dissessem a ele, na íntegra, o quanto de esforço e trabalho ele teria no futuro. Mas uma coisa lhe foi dito: iria cuidar de crianças… Eram os discípulos que mais tarde ele atrairia, primeiramente através de fenômenos psíquicos, pois é assim que funciona na face da Terra. Os números antigos da revista Dhâranâ, a menina dos olhos de Henrique, tem fotos do salão, na época, lotado de gente. Quando o desenvolvimento do mental quis sobressair, a debandada começou… Sobraram os que realmente desejavam o Conhecimento. Blavatskuy passou pela mesma coisa: como chamariz ela criou o Clube dos Milagres, mas quando começou a fase do ensino, foi perseguida e caluniada a ponto de ter de fugir para Adyar, na Índia. Ou seja, adiou a missão retornando ao passado. Não façamos o mesmo. Henrique conseguiu levar até o fim sua missão, e os que com ele conviveram sabem a que custo…
“Ao entrar na sua fase Iniciática” a Instituição passou a vivenciar o Cristianismo, em respeito ao meigo Nazareno cuja morte brutal instigada pelos fariseus de sempre, num julgamento injusto e vergonhoso, insuflou a população a trocar Jesus pelo ladrão e também assassino Barrabás. Nessa fase cristã começaram os colóquios entre Henrique e o Papa Pio XII, ora este se projetando na presença de Henrique, ora Henrique se projetando ante o Papa. O encontro dos dois no plano físico seria a Vitória da Obra.
Em 1949 o Culto de Melki-Tsedek começa de fato a ser vivenciado: “uma Nova Religião-Sabedoria”, a mesma do Império Eubiótico Universal, que deverá ser mantida e dinamizada pelos discípulos, sob pena de impossibilitar a manifestação do Rei Melki-Tsedek na expressão de Maitreia através dos dois Budas: Apavana-Deva e Mitra-Deva, Celeste e Terreno. Melki-Tsedek é Senhor dos dois Poderes, autoridade máxima sobre todos os seres da Terra, e esse fato precisa ser difundido ao máximo para que a Sinarquia seja implantada no mundo humano. Com outras palavras: o nascimento do Império Eubiótico Universal já deveria estar vigorando desde 1989.
O passado da Instituição teve o seu tempo. Foi bom, útil e necessário, mas não deve ser reanimado. Precisamos trazer o futuro para o presente. O próprio Henrique que nos guiou até aqui veio do futuro. O que foi vivenciado é para guardar respeitosamente na lembrança. Se voltarmos ao passado estaremos bloqueando os Novos Tempos, o Culto de Melki-Tsedek, o Maitreísmo que possibilitará a nós e aos nossos demais irmãos, nos religarmos ao Cristo Interno. E com a agravante de nos tornamos ainda mais devedores do que já somos para com a Lei Justa e Perfeita. Henrique deixou escrito: “Não é rezando (Cristianismo) ou fazendo Iogas (Budismo) que se alcança a Perfeição Absoluta. Matar a morte é vencer a alma, é se tornar espiritual ou superado, donde Adepto ou Homem Perfeito”. A Obra necessita de Obreiros; sozinha ela não funciona. Nosso sucesso é o sucesso dos avataras. Como diz Henrique: os discípulos “não compreenderam o brilhante papel que temos no Novo Ciclo ou Civilização”.
Os discípulos de Henrique não desconhecem que depois do entendimento amistoso entre os Dois Irmãos (Budismo, 5º – Cristianismo Renovado, 6º), “o momento seria do Império Eubiótico Universal”. Não tendo sido implantado, algo de ruim ficou no ar… Basta ver o resultado que deu: a balbúrdia em que se encontra o mundo, com “tantas religiões, tantas facetas espiritualistas”, cada qual achando ser dona da Verdade, quando a Verdade sendo uma só e tão simples, por isso mesmo não a enxergam. Embora muito batido de tanto que é repetido, o termo “fim dos tempos” parece mesmo estar bem próximo.
Como afirmou Henrique, “a única esperança que resta, sendo das mais graves, é que as catástrofes concorrerão para harmonizar essa mesma consciência do Brasil, como de outras partes do mundo”. Não é o que estamos vendo?
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Zélia Scorza Pires
São Lourenço, 04.10.2014