PRECIOSOS ENSINAMENTOS DE HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA – 2



 

O ator e o orador veem o seu público; o general, o seu exército; o mestre, os seus discípulos; o pai, os seus filhos; porém, eu, a vós, leitor amigo, para quem escrevo há muito tempo, e que jamais vos conheceria, a menos que viésseis aos meus braços.

Pode haver algo mais sublime do que trabalhar para os desconhecidos e pelo Desconhecido?

Surge a ideia na mente, e a pena logo a imprime no papel… Mas o que o escritor não pode saber é o emprego bom ou mau que de tal esforço podem fazer os seus leitores.

Será o veneno o ou bálsamo consolador? A virtude ou o crime? A verdade ou a mentira? A maldição ou o fruto bendito?

O bem e o mal não estão em nossos atos, mas em nosso pensamento, pelo que seremos julgados. Maior é a ferida que produz a língua do que o punhal; mais que a língua, a pena, quando dirigida por mãos inábeis…

Na atualidade, é com a pena molhada na negra tinta do ódio, da mentira, da falsidade e da vingança, que se discutem os menores assuntos da vida.

Não falemos da política…

Entretanto, graças à pena, possuímos toda a História humana. Por ela nos fazemos conscientes e livres. Por ela eternos são os pensamentos. A ideia é o Verbo que toma carne através da pena.

Eis porque sinto receio quando escrevo.

Sim, toda profissão é sacerdócio ou comércio, segundo é exercida pelo altruísmo ou pelo egoísmo. Augusto e nobre sacerdócio, pois, deverá ser o da pena. Pena vendida, pena maldita. Seus prejuízos são maiores que os da peste.

No entanto, aquele que bem escreve, isto é, escreve sobre boas coisas, nem sempre o faz para aqueles quem devia.

A maioria nos lê às pressas, sem ligar importância; outros, entretanto, o fazem com carinho e admiração. Alguns procuram ler nossos trabalhos mais de uma vez, para nos entender; mas também há quem nos calunie e macule com a sua leitura. São estes os mais perigosos.

Nosso amigo não é propriamente aquele que nos lê, mas o que medita no que escrevemos colocando uma parte leal de nossa alma. A leitura meditada é o diálogo mudo entre duas almas que em uma se confundem: o leitor e o escritor. É um fenômeno idêntico ao dos laços espirituais que devem ser mantidos entre o doente e o médico para que a cura se realize. Em verdade, não são os medicamentos que curam, mas o magnetismo que se estabelece entre essas duas polaridades humanas, pouco importando os meios… Glória aos que sabem curar desse modo, porque o fazem dentro das leis que regem os próprios Universos. Assim agiam os grandes Taumaturgos, como Jesus, Apolônio de Tiana e outros mais à frente.

A boa leitura também produz milagres; educa o caráter e salva as almas…

São, pois, sagrados os laços que se formam entre o escritor e o seu público – uma espécie de paternidade transcendente contra o que de ineficaz têm produzido os séculos.
(O Luzeiro, 1952, pg. 1 – sob o pseudônimo de Laurentus)



 

O Divino ou transcendental Amor, é simbolizado por Eros, como o seria por Cupido, sem a forma que lhe dão os não entendidos em matéria alegórica. Cupido e Eros representam o Augoeides dos gnósticos, o Princípio Crístico ou Sétimo dos Teósofos. É o símbolo incomparável da Superação da Mônada [parte Imortal do homem].

Eros tem asas nos pés para poder voar acima das próprias nuvens, ou no Além-Akasha, porque aí é o lugar onde se acha “a Fonte de toda Riqueza”, a Riqueza espiritual de todos os que aspiram a Luz sublime da Verdade. Ele é cego, justamente por ser supraconsciente. Donde “as flechas tanto de Cupido como de Eros, só atingirem os corações bem formados”, os corações onde se aninha o Único e Verdadeiro Amor, que é o da Espiritualidade, e não o amor carnal, que nada tem de comum com o outro, por ser “simples paixão” ou forma egoística de ser saciado o desejo inferior. É grande, pois, a diferença entre Amor e Paixão.
(O Luzeiro, 1952, pg. 50 – sob o pseudônimo de Laurentus)



 

         Amônio Sacas, grande e eminente filósofo que viveu em Alexandria, entre o segundo e terceiro séculos de nossa era, foi o fundador da “Escola Neo-platônica dos Filaleteos ou “Amantes da Verdade”. Nasceu de pais cristãos e era pobre. Possuía, entretanto, uma bondade tão grande, que o cognominaram, desde logo, “Theodadactos” ou “ensinado (guiado) por Deus”. Venerou a tudo quanto de bom existia no Cristianismo, porém, rompeu com o mesmo e com suas Igrejas, ainda jovem, por não ter encontrado em seu seio, coisa alguma superior às antigas religiões, mas apenas, cópias e adulterações suas.

Seus Mestres foram: Pitágoras e Platão.

Ensinou ele que “a religião das multidões sempre andou junto com a filosofia, e com esta se foi corrompendo gradualmente, por vícios de conceitos, mentiras e superstições”, puramente humanos. Era necessário, portanto, restituí-la à sua original pureza, por isso mesmo, expurgando-a da escória e interpretando-a, “pois o próprio Jesus, foi restabelecer à sua prístina integridade, a Sabedoria da Antiguidade; reduzir o domínio da superstição que prevalecia no mundo, corrigir os erros introduzidos nas diversas religiões e quanto pudesse servir de obstáculo à rápida evolução do homem, na sua marcha para o divino”. Pelo que se vê era um verdadeiro Teósofo sem deixar por isso, de ser um cristão, budista etc.
(o Luzeiro, 1952, pg. 52)

 


Todo e qualquer processo de livrar o Ego das ilusões do mundo terreno, com o fim de uni-lo à Consciência Universal, é uma Ioga. Patanjali, nos “oito passos” da ioga que tem o seu nome, ensina não apenas os métodos de desenvolvimento interior, mas também a maneira do homem se conduzir na vida para atingir esse alvo, que é a Suprema Realização, União ou Eucaristia.

Este Sistema consta de oito passos, a saber: Yama, Ni-yama, Asana, Prana-Iama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi. Os dois primeiros passos são restrições de ordem moral; os cinco passos seguintes, dizem respeito ao desenvolvimento interior do discípulo e ao domínio de seus veículos (domínio do físico, domínio das emoções, domínio do mental) para poder alcançar o oitavo passo que é o Samadhi, o êxtase, a União Suprema.
(O Luzeiro, 1952, pg.53)



 

A época atual é idêntica àquela que fez dizer ao apóstolo de Patmos: “A grande Babilônia tornou-se a morada dos demônios e repasto de todo animal que nos causa asco. E isto, porque todas as nações beberam do vinho da sua falta de pudor, e os reis da Terra se prostituíram com ela”.

Pelo que se vê, Prometeu continua acorrentado no Cáucaso, porque Prometeu é a própria Humanidade acorrentada no “Cárcere carnal”, enquanto o abutre da Ignorância procura devorar-lhe as entranhas. E Cristo, por sua vez, crucificado continua no Gólgota, por ter sido inútil a TRAGÉDIA.
(O Luzeiro, 1952, pg. 62 – sob o pseudônimo de Laurentus)



 

A Eubiose não admite o esforço estéril, quer para as energias orgânicas, quer para as potências mentais. Dela nos virá a finalidade e justificação de ambas as espécies de esforços, não só debaixo da face adotada, como de todas as infinitas modalidades da atividade humana. Com um critério eubiótico, por exemplo, poderiam ser organizados centros apropriados a todos os trabalhos, capazes de “dar músculos às pessoas, principalmente de profissão intelectual ou sedentária, pois que os operários já possuem semelhante esporte”. Um ofício manual também seria o melhor meio de combater o artritismo dos negociantes e a dispepsia dos intelectuais; do mesmo modo um meio de vida, no caso de necessidade, pois o dia de amanhã quase sempre é incerto. Como ainda, para poder avaliar as condições, as necessidades do operário, e por ele poder fazer alguma coisa de favorável, pois que só pode avaliar o mal alheio quem por ele já passou ou está passando… Sim, mais que elevado seria o “trabalho manual”, como condição, por isso mesmo, do operário que, dentro do verdadeiro espírito democrático – e sem necessidade de evocar doutrinas avançadas – não deve ser, de modo algum, colocado em uma classe inferior, pois são as suas mãos abençoadas que fazem manejar o grande mecanismo “produtivo” de todos os povos da Terra.

E daí nasceriam reformas plenamente eubióticas, isto é, favoráveis ao aperfeiçoamento e à felicidade dos que são o seu objeto, aperfeiçoamento e felicidade extensivos, quanto possível, ao meio social. Sim, porque, onde se pensa e trabalha, não pode haver sofrimento, fome e miséria!…

Nossa vastíssima EUBIOSE não se dedica, pois, a propiciar a volta às condições primitivas da existência humana, mas, ao que elas possuem de favorável – quer material, como espiritualmente falando à Civilização. E quanto a esta, não deseja suprimi-la, mas utilizá-la em proveito integral do homem. Basta a sua definição mais completa: CIÊNCIA DO MELHORAMENTO DA VIDA, em todas as suas formas e debaixo de todos os aspectos, com o fim imediato de assegurar a FELICIDADE a quantos à mesma se sujeitam.
(O Luzeiro, 1952, pg. 72 – sob o pseudônimo de Lorenzo Paolo Domiciani)



 

Nos Colégios Iniciáticos do antigo Egito, como nos da Grécia etc., “o neófito tinha que cursar 3 anos em cada um dos sete Portais”, perfazendo, portanto, 21 anos, para dali sair um INICIADO, ou antes, ILUMINADO. O mesmo Jesus, dos 13 aos 30 anos, desaparece por completo, como se deduz no Novo Testamento. Para Jesus, como se vê, foram exigidos apenas 17 anos. Aperfeiçoava-se num Colégio dessa mesma natureza, existente no Monte Mória, ou dos Essênios, com o nome também de NAZAREUS, por adotarem a seita de NAZAR. Seus Adeptos traziam “os cabelos à altura dos ombros”. Donde até hoje: “cabelos a nazareno”.

Muitos dos Faraós do Egito, principalmente o famoso AMENOFIS IV (ou KUNATON) – como “reis e deuses”, ao mesmo tempo, do Egito, cursaram semelhantes colégios… Daí serem grandes administradores, grandes intelectuais, portadores de todos os conhecimentos, e ao mesmo tempo guerreiros. A própria História aponta a “guerra religiosa de Kunaton” (1370 anos antes de Cristo), pelo fato da maioria dos sacerdotes, em companhia de generais do seu exército, quererem adotar uma nova forma de governo. Como é sabido, foi ELE “que tendo destronado o deus AMON-RA, substituiu-o por ATON” (o disco solar), ao qual dedicou versos iniciáticos de raríssimo valor. KUNATON, quer dizer: “O amado de seu Pai ATON” (isto é, o SOL espiritual).

Pelo que se vê, em tais Colégios já se ensinava a verdadeira EUBIOSE, mas a mesma deixou de ser praticada no mundo profano.

As músicas adotadas desde a fundação da STB são todas  EUBIÓTICAS, devido o seu caráter iniciático ou interpretativo. Do seu repertório figuram Hinos (ou mantrans, como são chamados no Oriente), inclusive o da mesma Instituição, intitulado O ALVORECER DO NOVO CICLO. Diversos bailados; cantos de grande valor iniciático, como AMOR MATERNAL (dedicado ao Dia das Mães). O PEREGRINO DA VIDA (balada, como Alegoria à Fundação da Obra, na Ilha de Itaparica, em 1899).  EXALTAÇÃO AO GRAAL (homenagem ao Templo). ODE AVATÁRICA (Resumo da Obra). ESCULPINDO UMA ESTÁTUA (música de difícil execução, e também iniciática). CHORAM AS PEDRAS DE JERUSALÉM (homenagem ao Cristo). RESSURREIÇÃO (uma das mais importantes composições, por seu magnífico valor iniciático), além de outras mais, inclusive as dedicadas aos “Pupilos” (ou SEMENTES da Nova Civilização).

Em referência aos compositores modernos, cujas músicas são mais ou menos de caráter EUBIÓTICO, o principal dentre eles é o maestro Vila Lobos, que além de se afastar do estilo dos velhos compositores, é o maior intérprete da VOZ DA NATUREZA.
(O Luzeiro, 1952, pg. 75 – sob o pseudônimo de Lorenzo Paolo Domiciani)



 

O que é intuição? Quem é capaz de defini-la? No entanto é uma realidade! Não se assemelha à inteligência, porque discorre, analisa e busca a solução a todos os problemas; informa a consciência, abstrai, dispõe princípios generalizadores; a inteligência chega a sintetizar, vai do conhecido e por argumentos tenta invadir o desconhecido; a inteligência não se contenta com observar o meramente material: aventura-se ainda no terreno do imaterial – o espiritual; vai até esquadrinhar o infinito, onde, como é natural, acontece perder-se em suas conjecturas. Nada disso é próprio da “intuição”.

A intuição, tal como a entendemos tem algo de instinto, porém mais elevado; é uma percepção espiritual, que nos prepara e, instintivamente, sem percebermos porque, nos faz agir “com conhecimento exato”. É uma simples inspiração que se assemelha exteriormente ao instinto “sublimado”; ambos têm de comum o não ser a resultante da reflexão. Porém, a intuição não se limita ao material; estende-se ao espiritual. Que é a fé senão uma verdadeira intuição? Claro é que na fé, nem sempre se esteja certo; por isso mesmo, tão pouco asseguraremos que a intuição proporcione forçosamente ideia exata. Nem sempre o homem está em condições de poder interpretá-la devidamente; do mesmo modo, nem sempre uma máquina obedece à intenção do mecânico. Não devemos esquecer que o homem é um ser material, embora que em si habite o espírito.

A fé é uma intuição. Certo que para desenvolvê-la contribui a força persuasiva do pregador; porém, não criaria raízes se não estivesse auxiliada pela intuição do ouvinte; essa intuição não se concretiza precisamente a tal ou qual crença, mas descobre na pessoa a ideia de Algo Superior, de uma futura existência ultraterrena, e essa ideia vaga a relaciona com o que disse o pregador, que deseja ensinar-lhe determinada crença.

A intuição é mais atrevida do que a própria inteligência; ela é algo assim como um farol que orienta o rumo da inteligência e, por isso mesmo, foi a voz interna que guiou a todos os descobridores, como: Galileu, Newton, Colombo e outros tantos.
(O Luzeiro, 1953, pg. 144)

 



 

Qualquer homem inteligente – excetuando os que são cegos voluntariamente – reconhece que todos os sistemas religiosos do mundo contém certas verdades que, intuitivamente, reconhecemos como tais; mas, como não pode haver mais do que uma verdade fundamental, todas essas religiões são ramas da mesma árvore, embora que as formas com as quais a verdade se manifesta, não se assemelhem.

A mais elevada verdade, em sua plenitude, não é conhecida pelo indivíduo na forma mortal. Aqueles que chegaram a um estado perfeitamente consciente da verdade absoluta, não necessitam forma que a contenha; pertencem a uma classe sem forma; não poderiam estar em unidade com o princípio universal se estivessem ligados pelas cadeias de uma personalidade; uma mente tão extensa que não possa ser contida pelo cárcere carnal, não necessita mais daquela prisão.

E daí, a impossibilidade de se querer descrever a outro o que é o conhecimento de si mesmo. Só o que possuímos em relação conosco, pode ter para nós uma existência verdadeira; o que não conhecemos não existe quanto ao que a nós se refere. Não se pode provar praticamente ao cego a existência da luz; do mesmo modo é impossível dar-se prova de conhecimentos transcendentes àqueles cuja capacidade não transponha a região dos fenômenos externos.

Não há nada mais elevado do que a verdade e, por isso mesmo, é que a sua aquisição é o mais elevado dos ideais humanos. O ideal mais elevado do Universo há de ser um ideal universal.

A constituição de todos os indivíduos formou-se segundo uma só Lei Universal e, portanto, o ideal mais puro ou elevado tem que ser o mesmo ideal para todos e ao alcance de todos. E, ao adquiri-lo, todos os indivíduos formarão uma só família ou unidade espiritual. Enquanto o homem não reconhecer o ideal mais elevado do Universo, para ele o seu ideal – seja qual for – será o superior. Porém, o fato de existir tal ideal em sua mente, não implica que não existe um outro mais elevado. E a prova é que, na maioria dos casos, todos se cansam daquele ideal que chamavam de “superior”.

Há de haver um estado de perfeição que esteja ao alcance de todos e além do qual ninguém poderá adiantar, enquanto a totalidade do mundo não o tiver alcançado. Todos os indivíduos têm o mesmo direito de alcançar o mais elevado; porém, nem todos possuem o mesmo poder desenvolvido: uns podem alcançá-lo com maior rapidez, outros podem retardar no caminho e acontece, também que a maioria cai e tem que recomeçar a subir a escada evolutiva. Outro não é o significado da “parábola do bom semeador”, atribuída a Jesus.

A Humanidade, embora que imperfeitamente desenvolvida, reconhece intuitivamente o que é verdadeiro, nessa ânsia incontida de evoluir cada vez mais.

O cientista que raciocina segundo o plano das percepções dos sentidos, é o que está mais afastado do reconhecimento da verdade, porque toma as ilusões, produzidas pelos sentidos, como realidades e repele as revelações de sua própria intuição. O filósofo incapaz de ver a verdade, procura adquiri-la por meio de sua inteligência e pode aproximar-se da mesma até certo ponto; porém aquele em quem a verdade adquiriu a condição consciente reconhece a verdade por percepção direta, por isso mesmo, a ela está unido e não pode enganar-se.

Essa condição é incompreensível para a maioria dos indivíduos –  tanto para os cientistas e filósofos, como para os ignorantes. E, no entanto, existiram e existem homens que alcançaram aquele estado. São os verdadeiros Teósofos, porquanto nem todos que se dizem teósofos o são, como tão pouco os que se dizem Cristãos são um Cristo. O verdadeiro Teósofo e o verdadeiro Cristão e até mesmo Budista ou Mahatma, são um só, porque são formas humanas em que a Alma Espiritual Universal chegou a ser consciente.
(O Luzeiro, 1953, pg. 146/147)



 

O grande Rui Barbosa – como se sabe – tinha uma cabeça grande. Mas este, porém, estava em harmonia com “a lei da relatividade”: grande cabeça em tudo, porque a sua inteligência era “desmedida”. Mas como fosse “teimoso”, maior aumento dava a sua cabeça.

Quando da Revolução seabrista* na Bahia, estando no Poder o Dr. Aurélio Viana (grande médico baiano), teve o mesmo que fugir do palácio e a seguir, lançou o seu protesto junto ao Governo Federal, onde se serviu do termo COACTO, em vez de “coagido”, para provar que foi desse modo que teve de abandonar as rédeas do Governo. Pois bem, toda a imprensa carioca fez ridículo desse termo… Foi o bastante: Rui manifestou a favor do baiano ilustre, dizendo: “É COACTO que se deve dizer, e não coagido”. E não apareceu nenhum outro “cabeçudo” para contestar o expoente máximo da língua portuguesa.
 *Bombardeio de Salvador, em 1912, episódio que traumatizou a cidade.
(O Luzeiro, 1953, pg. 19)



 

Uma passagem do Talmud diz que, “quando Deus criou a Terra, reuniu os anjos, as feras e os animais, e lhes disse: “Façamos o homem”. “Cada um deles, então, contribuiu com um pouco do seu ser. Assim, no homem se reúnem forças animalescas e bestiais, angélicas e divinas, as quais estão em luta constante”.

O Talmud, dizemos nós, tal como a Bíblia e outros livros sagrados, por terem sofrido adulterações que lhes imprimiram os homens e não os Deuses que os escreveram ou ditaram, contém erros e contradições mais que aberrantes. E como “Deuses” não sejam anjos, onde buscar as “forças divinas” a que se refere a passagem acima? Eis aí a razão pela qual a Teosofia – como Sabedoria Divina – explica melhor a Cosmogênese (a criação do Mundo) e a Antropogênese (a criação do homem), pois são duas fases bem diversas da Divina Criação da Terra e dos seres que nela habitam. Do mesmo modo, que diferença pode haver entre os termos “bestiais e animalescas”? Na própria língua francesa bête é animal.

De nossa parte só nos resta dizer:

A Terra deu ao homem a sua própria constituição, de acordo com as Três Rondas ou Reinos da Natureza: do mineral, deu-lhe os ossos; do vegetal, o sistema nervoso ou “vegetativo”; do animal, o circulatório. E assim formado “o pote de argila”, para não chamar de “manequim humano”, neste vibram três partes: a animal ou bestial (“a besta rugidora”), a angelical e a Divina. Sim, porque a angelical é aquela que separa a divina da terrena, na razão também desses dois mundos. Nesse caso, ao homem incumbe conciliar uma parte com a outra, despojando-se de tudo quanto de animal lhe reste.  

Nas escrituras orientais, chama-se a este fenômeno de “a luta entre o Eu e o Não-Eu”, o princípio superior e o princípio inferior. Daí, ainda, aquela divina súplica: “Do ilusório conduz-me ao real. Das trevas à Luz. Da morte à Imortalidade”.

De resto, convém lembrar que “o Anjo com o Demônio se confundem”. Não foi este um Anjo expulso do Céu?

Por infelicidade, nem todos podem compreender semelhante mistério…
(O Luzeiro, 1953, pg. 34)

 

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Contribuição de Zélia Scorza Pires
São Lourenço, 1º de setembro de 2015

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